O advogado e professor de direito Ives Gandra da Silva Martins classificou de hollywoodiana a prisão preventiva de Michel Temer e disse à Folha que "quem está fazendo está querendo mostrar que 'quem manda sou eu'".
Os mandados foram expedidos nesta quinta (21) pelo juiz Marcelo Bretas, que se valeu de quatro figuras do Código de Processo Penal para embasar sua decisão: evitar a destruição de provas, garantir a ordem pública, por conveniência da instrução do processo penal e garantir a aplicação da lei.
Para Ives Gandra, que é professor emérito da Universidade Mackenzie, os argumentos não convencem.
"Ora, o processo está em andamento desde o primeiro pedido de impeachment de Rodrigo Janot [ex-procurador-geral da República]. A argumentação de que [Temer] pode destruir documentos. Acho extremamente difícil. Se fosse o caso, ele já teria feito."
O jurista também questionou a ideia de que Temer possa representar um risco às instituições e à ordem pública. "Era um homem completamente fora do poder, não tem contato com ninguém."
O professor questiona por que Lula, outro ex-presidente preso, teve direito de negociar os termos de sua detenção, e a de Temer aconteceu "em plena rua, com metralhadora e tudo, sem sentença".
"Uma prisão com todo esse aparato cinematográfico me deixa muito preocupado", diz.
"Me parece que é muito menos questão jurídica do que política", afirma o jurista. Para ele, há um conflito entre poderes que contaminou a prisão do emedebista.
Ele cita a proposta da CPI Lava Toga, para investigar integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) e de tribunais superiores, e as divergências entre os ministros do Supremo e membros do Ministério Público acerca da competência para julgar casos da Lava Jato.
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