Um dia após o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), anunciar Nelsinho Trad (PSD-MS) como um dos quatro vice-líderes de Jair Bolsonaro na Casa, o PSD informou ao Palácio do Planalto que seu senador não vai aceitar o convite.
O partido já havia recusado convite para vice-liderança do governo na Câmara, quando o deputado Marx Beltrão (PSD-AL) foi chamado para o posto de defensor do governo.
"Houve uma deliberação da bancada federal junto com o partido que, no caso de [convite para] ocupar vice-liderança de governo, para não constranger quem não se sentia nesta posição, o partido iria declinar do convite. Assim como teve esse posicionamento na Câmara, não está sendo diferente no Senado", afirmou à Folha o presidente nacional do partido, Gilberto Kassab.
A decisão foi tomada em reunião na manhã desta quarta-feira (13). O PSD tem a segunda maior bancada do Senado, com nove integrantes.
Na tarde de terça-feira (12), Bezerra Coelho havia anunciado que, além de Trad, os senadores Eduardo Gomes (MDB-TO), Elmano Ferrer (PODE-PI) e Izalci Lucas (PSDB-DF), haviam aceitado o convite de Bolsonaro.
"Quero anunciar a esta Casa que tive a alegria hoje [terça] de receber a aceitação dos convites que fiz em nome do presidente Bolsonaro para compor a minha equipe de vice-líderes aqui no Senado Federal", disse o líder do governo na tribuna do Senado.
No lugar de Trad entrará Chico Rodrigues (DEM-RR), nome próximo ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Coube ao senador Otto Alencar (PSD-BA), líder da sigla no Senado, comunicar a Bezerra Coelho que Trad não poderia aceitar o convite.
"Vamos ajudar o governo, mas não vamos nos vincular a ele. O partido está em posição de independência", afirmou.
Nesta quarta, Kassab afirmou que, apesar da recusa, o PSD "torce pelo êxito das reformas" e que "a grande maioria dos nossos parlamentares está muito sintonizada com o governo".
"Isso não diminui em nada nossa relação com o governo, não afeta aqueles que estão ajudando. Da nossa parte, teremos a melhor relação possível", afirmou.
Parlamentares do PSD disseram, reservadamente, que o partido não quer colocar suas digitais no governo, que sofre no trato com o Congresso e vem protagonizando crises, como o escândalo das candidaturas de laranjas do PSL, revelado pela Folha, que derrubou Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência e à abertura de investigação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
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