Quem era quem no golpe: nove figuras decisivas em 1964

De Jango a Castello, entre civis e militares: articuladores golpistas e apoiadores do governo deposto

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São Paulo

Iniciado em 31 de março de 1964, o golpe militar se consolidou na madrugada de 1º para 2 de abril.

Nesses primeiros dias, nove figuras foram decisivas, seja ao lado do governo que era deposto, seja apoiando o movimento golpista.

 

João Goulart

Além de enfrentar uma crise econômica, o presidente Jango (PTB), gaúcho de São Borja, via crescer a rejeição ao seu governo entre os militares no início de 1964.

A oposição da cúpula das Forças Armadas cresceu com o comício da Central do Brasil, no Rio, em 13 de março. Nesse grande ato popular, Jango defendeu enfaticamente as chamadas reformas de base, um conjunto de medidas econômicas e sociais de caráter nacionalista, que dariam ao país uma guinada à esquerda.

Diante do avanço dos militares a partir de 31 de março, que resultou no golpe, Jango praticamente não ofereceu resistência. No dia 1º de abril, viajou do Rio para Brasília e depois para Porto Alegre. Exilou-se no Uruguai.

Leonel Brizola

Participou do comício da Central do Brasil, em que criticou o Congresso, dizendo que os parlamentares não ouviam o povo. O deputado federal pelo PTB defendia uma radicalização à esquerda do governo Jango.

No dia 2 de abril, Brizola se reuniu com o recém-deposto presidente em Porto Alegre e propôs organizar uma resistência ao golpe, mas Jango preferiu evitar conflitos com os conspiradores. Também se exilou no Uruguai.

Darcy Ribeiro

Chefe do Gabinete Civil de Jango, o antropólogo mineiro foi um dos poucos membros do governo a tentar organizar uma resistência ao golpe. Não conseguiu.

Teve seus direitos políticos suspensos pelo Ato Institucional nº 1 (AI-1). Exilou-se no Uruguai.

Humberto de Alencar Castello Branco

Chefe do Estado-Maior do Exército, o general cearense teve participação decisiva na articulação do golpe. No dia 20 de março, expediu uma circular para oficiais alertando-os a respeito das ameaças representadas pelo governo João Goulart.

Consumado o golpe, foi eleito presidente pelo Congresso no dia 11 de abril. Governou até março de 1967, promovendo uma série de cassações, que incluíam parlamentares. Teve Costa e Silva como sucessor.

Artur da Costa e Silva

Outro ativo articulador do golpe, o general gaúcho foi um dos signatários do manifesto no dia 31 incentivando todos os militares a se unir na luta contra o governo Jango.

Com a chegada das Forças Armadas ao poder, foi um dos principais responsáveis pela criação do Comando Supremo da Revolução, formado pelo almirante Augusto Rademaker (Marinha), pelo brigadeiro Francisco Correia de Melo (Aeronáutica) e pelo próprio Costa e Silva (Exército). Com a posse de Castello Branco, tornou-se oficialmente ministro do Exército. Chegou à Presidência em 1967.

Olympio Mourão Filho

À frente da 4ª Região Militar e da 4ª Divisão de Infantaria do 1º Exército, sediados em Juiz de Fora (MG), o general mineiro iniciou na madrugada de 31 de março o movimento das tropas em direção ao Rio de Janeiro, ação que culminou na queda de Jango.

Depois do golpe, porém, teve atuação discreta. Em setembro de 1964, foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Militar, onde ficou até se aposentar, em 1969.

Amaury Kruel

Ex-ministro da Guerra do governo João Goulart, Kruel era comandante do 2º Exército, sediado em São Paulo, à época do golpe.

O general gaúcho teve dificuldade em decidir qual lado tomar. No dia 31 de março, à noite, ligou ao presidente para pedir que ele rompesse com nomes de esquerda que integravam o governo, como Darcy Ribeiro. Pedia também que o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) fosse colocado fora da lei.

Diante da negativa de Jango, Kruel se juntou aos conspiradores.

Carlos Lacerda

Filiado à UDN, o maior partido conservador da época, o governador da Guanabara se opôs oficialmente à Presidência de Jango e se destacou como um dos principais articuladores civis do golpe. Também foi o caso de outros governadores, como Adhemar de Barros (SP) e Magalhães Pinto (MG).

No dia 8 de abril, Lacerda participou de reunião com Costa e Silva em que foi decidido o apoio à candidatura de Castello Branco à Presidência.

Ranieri Mazzilli

Presidente da Câmara do Deputados, assumiu interinamente a Presidência da República no dia 2 de abril, depois que o cargo foi considerado vago. Seu poder, no entanto, era limitado.

As principais decisões eram tomadas pelo Comando Supremo da Revolução, formado por três ministros militares, entre eles Costa e Silva.

No dia 15 de abril, Mazzilli (PSD) transferiu o cargo para Castello Branco, que havia sido eleito presidente da República pelo Congresso no dia 11.

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