Alunos de Chicago tentam dividir holofotes de debate sobre Brasil nos EUA

Com tronco liberal, estudantes avaliam que conferência em Harvard não produz 'soluções concretas'

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Washington

Estudantes de duas universidades em Chicago, nos Estados Unidos, decidiram promover um evento sobre o Brasil para ampliar discussões e tentar dividir os holofotes com a Brazil Conference, marcada para este fim de semana em Boston.

Um grupo de 34 alunos brasileiros das universidades de Chicago e Northwestern discute realizar o "Chicago for Brazil" até o fim deste ano para, segundo eles, articular setores público, privado e acadêmico no desenvolvimento de soluções concretas para problemas socioeconômicos do país.

Vista aérea de Chicago - Jim Young - 14.ago.2014/Reuters

Os estudantes de Chicago afirmam que a Brazil Conference, organizada anualmente por alunos da universidade de Harvard e do MIT (Massachusetts Institute of Technology), não produz resultados práticos e acaba restrita a discussões teóricas. Eles, no entanto, rechaçam a ideia de rivalizar com os colegas de Boston.

"Nossa ideia não é ser uma visão oposta à deles, mas trazer uma complementaridade de debates e tentar tangibilizar qualquer tipo de discussão —e isso que é um pouquinho diferente aqui", afirma Fabiano Renno, da Universidade de Chicago.

"A gente não observou muito a questão partidária [para montar o evento], a gente olhou a profundidade das soluções que saem dali e em qual nível se dá a discussão", completa João Panisi, aluno de Northwestern. 

A Brazil Conference foi criticada por integrantes da ala ideológica do governo Jair Bolsonaro, que consideram seu viés político progressista —entre os palestrantes deste ano em Boston estão o vice-presidente, general Hamilton Mourão, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, e os ex-candidatos Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB) e Geraldo Alckmin (PSDB).

O escritor Olavo de Carvalho, por exemplo, chegou a dizer que a conferência em Boston é um "debate de microcéfalos" e aliados de Bolsonaro nos EUA começaram a ver o evento de Chicago como possível contraponto liberal e conservador às discussões sobre Brasil.

A Universidade de Chicago, onde estudou o ministro da Economia, Paulo Guedes, é muito identificada com o liberalismo econômico, com menos intervencionismo e mais solução via mercados, enquanto Harvard é conhecida por sua excelência em políticas públicas e um cenário mais progressista no que diz respeito a valores.

Os alunos de Chicago afirmam que não é possível definir o espectro ideológico da conferência pois ainda não há uma lista de palestrantes definida --nem mesmo o papel de Guedes está fechado--, mas garantem que o evento terá na essência as raízes liberais das escolas.

"Com certeza absoluta a gente vai beber na água desses dois lugares [Universidade de Chicago e Northwestern]. A ideia é trazer um complemento ao que já existe em termos relativos. O nosso diferencial é justamente trazer soluções palpáveis que possam ser aplicadas à realidade articulando academia, governo e iniciativa privada", diz Nina Berenger. 

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