Ameaça é crime, diz Joice, ao cobrar apuração sobre relato de deputada do PSL

Líder do governo no Congresso diz que caso sobre ministro do Turismo será investigado

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Brasília

​A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou à Folha que “todas as providências cabíveis” devem ser tomadas se forem confirmadas as acusações da deputada Alê Silva (PSL-MG) contra o ministro Marcelo Alvaro Antonio (Turismo).

“Não conheço os detalhes da denúncia de ameaça, nem se de fato ela existe ou não. Porém, se o relato for real, todas as providências cabíveis devem ser tomadas, tanto as políticas, quanto as jurídicas. Ameaça a qualquer ser humano é crime. A um parlamentar, é crime contra democracia”, disse Joice.

A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) durante entrevista à Folha em seu gabinete
A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) durante entrevista à Folha em seu gabinete - Pedro Ladeira/Folhapress

Em reportagem publicada no sábado (13), a Folha mostrou que Alê Silva acusa o ministro do Turismo de tê-la ameaçado de morte. Ela prestou depoimento à polícia na última semana e pediu proteção.

Em entrevista à Folha, Alê confirmou o esquema de candidaturas de laranjas, comandado por Marcelo Álvaro Antônio em Minas Gerais, e afirmou ter recebido a informação de que o ministro do Turismo a ameaçou de morte em uma reunião com correligionários, no fim de março, em Belo Horizonte, por ter denunciado o caso ao Ministério Público. 

A deputada federal prestou depoimento espontâneo à Polícia Federal em Brasília, na quarta (10), ocasião em que solicitou a proteção policial.

Eleita com 48 mil votos, Alê Silva é a primeira congressista a relatar às autoridades a existência de esquema de laranjas do PSL de Minas. Ela deve prestar novo depoimento nas próximas semanas.

Álvaro Antônio nega ter feito ameaças e diz que a deputada faz campanha difamatória contra ele em busca de espaço no partido no estado. 

O presidente Jair Bolsonaro e seus ministros não se manifestaram sobre o assunto até o momento. Procurado, o Palácio do Planalto informou por meio da assessoria que não comentaria o caso.

Nos bastidores, auxiliares dizem que esperam novos desdobramentos do caso que possam confirmar as acusações feitas pela deputada do PSL.

No sábado, logo após a publicação da reportagem, a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) saiu em defesa de Alê Silva.

Pelo Twitter, Janaina disse ter telefonado para a colega de partido e, nas redes, pediu ao presidente Jair Bolsonaro que demita Álvaro Antônio.

“Todo meu apoio à deputada federal Alê Silva. E agora, presidente? O ministro do Turismo fica? A deputada federal eleita também estaria mentindo? Exijo a demissão do ministro! Não tem que esperar conclusão de inquérito nenhum!”, escreveu.

Janaina disse ainda ter telefonado para a deputada federal, que, segundo ela, “não para de chorar”.

“Como é que pode uma situação dessas e o presidente não tomar providências? Não pode! O afastamento do ministro não implicará atribuição de culpa, apenas um sinal de que o presidente se importa com as mulheres de seu partido”, comentou.

Revelado pela Folha no início de fevereiro, o caso das laranjas do PSL, partido do presidente Bolsonaro, é alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público em Minas e em Pernambuco. Levou à queda do ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que comandou o partido nacionalmente em 2018.

Uma série de reportagens desde então mostrou que Álvaro Antônio patrocinou em Minas um esquema de candidaturas de mulheres que receberam expressivos recursos públicos do partido, sem sinal de que tenham feito campanha efetiva. Parte desse dinheiro público foi parar em empresas ligadas a assessores de seu gabinete na Câmara. Ele exercia o mandato de deputado federal até 2018.

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