A Folha terá a partir do próximo dia 5 uma editoria de Diversidade, criada com objetivo de refletir sobre a variedade da vida social no país e o dia a dia na Redação.
A jornalista Paula Cesarino Costa, que deixa o cargo de ombudsman, assumirá a nova editoria. "A intenção é trabalhar de modo transversal na Redação, atuando na discussão de pautas, na diversidade de enfoques, buscando ampliar as fontes ouvidas", afirma. Ela também terá coluna quinzenal sobre o tema.
Segundo Sérgio Dávila, diretor de Redação da Folha, a editoria atuará analisando reportagens já publicadas —apontando, por exemplo, se as fontes ouvidas foram apenas heterossexuais e brancas— e olhando para a frente, ao sugerir novas fontes para pautas e artigos.
"Ela participará, inclusive, do processo de contratação de jornalistas para que já nesse momento se tenha preocupação com a diversidade."
Para Cesarino, "uma equipe diversificada oferece estilos, ideias e ironias mais ricas". A jornalista pretende fazer um recenseamento das pessoas que ocupam colunas, blogs e podcasts e dos temas neles abordados. Ela diz ser necessário ainda cuidar para que a preocupação com a diversidade exista nos seminários e eventos promovidos pelo jornal.
Dávila afirma que a nova função busca trazer um leitorado mais diverso para o jornal. "No final, a gente também quer que o nosso leitor se diversifique."
E por que criar uma editoria de Diversidade, e não de Gênero, como fez, por exemplo, o jornal americano The New York Times? "Pensamos em ir além da questão homem/mulher ou raça. Queremos furar a bolha em que nós, jornalistas, vivemos. Tendemos a ser de classe média, brancos, moramos em bairros privilegiados de metrópoles. Acabamos tendo experiências muito parecidas", diz Dávila.
Paula Cesarino Costa cita o escritor francês Michel Montaigne [1533-1592] para falar da sua nova função. "Há muitas formas de definir diversidade. Montaigne, num texto dos 'Ensaios', dizia que a qualidade mais universal é a diversidade. Vou tomar isso como ponto de partida."
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