Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Ministro general tenta aproximação com Congresso e é cobrado por objetividade

Em almoço com Santos Cruz, senadores pediram aproximação entre governo e Legislativo, além da conclusão de obras

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Brasília

Na tentativa de construir uma aproximação do Palácio do Planalto com o Legislativo, o ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, foi ao Congresso nesta terça-feira (2) e recebeu de senadores uma lista de cobranças que incluiu até uma definição sobre qual o papel de cada pasta da gestão Jair Bolsonaro.

"Precisa ficar mais claro o que é o papel da Casa Civil, o que é Segov [Secretaria de Governo], para que não haja uma certa duplicidade de trabalho e que a gente tenha mais objetividade, principalmente o parlamentar que representa a população ao procurar o próprio governo", disse o senador Wellington Fagundes (PR-MT), líder do bloco Vanguarda, que reúne nove senadores de DEM (6), PR (2) e PSC (1).

O ministro general Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo), durante cerimônia no Palácio do Planalto
O ministro general Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo), durante cerimônia no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 25.mar.2019/Folhapress

O convite para um almoço partiu dos senadores e acontece às vésperas de o próprio Bolsonaro tentar uma aproximação com os partidos políticos, cujos presidentes pretende chamar para conversar.

Atualmente, tanto o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, como Santos Cruz cuidam da articulação política do governo.

De acordo com o senador, Santos Cruz respondeu que o estabelecimento da função de cada pasta "é uma angústia que ele está tendo e que vai conversar com presidente da República". Fagundes afirmou haver "inquietude na própria equipe" do governo em relação a esta indefinição.

"Ele sente que essa relação com o Parlamento é fundamental. O Parlamento precisa dar resposta na ponta. Quando a gente chega a uma cidade em que está creche inacabada, obra que falta governo liberar recurso para concluir, isso causa uma angústia em todos nós. Com a mudança de governo, é natural que haja uma certa rearrumação, mas não pode demorar muito", disse Fagundes.

Os parlamentares cobraram também a conclusão de obras e o destravamento de programas do governo federal.

"Precisamos fazer as reformas, mas a população quer saber, lá na ponta, do Minha Casa, Minha Vida, da regularização fundiária, das estradas. Ao mesmo tempo que reformas precisam acontecer, o governo precisa dar uma resposta rápida também à sociedade", disse o senador.

Os senadores também indicaram querer maior participação do Legislativo em ações do governo. Parlamentares têm reclamado reservadamente que não são chamados para atos do Executivo nos estados em que têm base eleitoral.

"[O ministro] foi cobrado por maior aproximação. Tanto é que nós estamos fazendo convite mostrando exatamente que o Parlamento quer ajudar, votar as matérias, mas também que ser parceiro: no ônus e no bônus", disse o líder do bloco.

O ministro admitiu que o objetivo da visita foi uma tentativa de aproximação para melhorar o esgarçado ambiente político entre o governo Bolsonaro e a classe política de uma maneira geral, especialmente o Congresso.

"As conversas são todas em benefício do Brasil, do andamento de uma agenda positiva para o Brasil. A nossa sociedade precisa ver isso e saber que o nosso relacionamento é que vai auxiliar, atender aos anseios sociais", afirmou Santos Cruz.

"Este bom ambiente que a gente está desejoso que tenha sempre isso daí é fundamental para o andamento de tudo", disse o chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República.

Segundo Santos Cruz, durante o almoço com os senadores, tratou-se de "uns 20 itens que são de interesse dos parlamentares", como obras inacabadas e programas que, segundo ouviu dos parlamentares, precisam ser retomados.

"Os parlamentares têm o sentimento da população das suas bases. A gente cataloga isso daí e vai levar ao conhecimento do presidente e ver o que dá para equacionar, para atender", disse Santos Cruz.

Indagado se passaria a ir mais ao Congresso, o ministro afirmou não haver um "planejamento específico".

"Relacionamento não pode ser baseado só em planejamento. Tem que ser mais espontâneo. Tem que ser espontâneo, ter a motivação de ambas as partes. Isso é percepção. Se vai ser um pouco mais frequente ou menos frequente, eu não  poderia dizer agora."

Antes do almoço com o bloco, Santos Cruz conversou brevemente com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ao sair da sala de audiências, o ministro defendeu a harmonia entre os Poderes, que têm protagonizado episódios de tensão nos últimos dias.

"Você não tem governabilidade se não tiver harmonia dos três. Isso aí é fundamento da democracia, a harmonia dos Poderes e a independência deles", afirmou.

Na semana passada, Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), trocaram farpas, situação que só esfriou às vésperas da viagem do chefe do Executivo a Israel.

Sem citar casos específicos, Santos Cruz disse que é preciso evitar discussões de cunho pessoal.

"Quando você vê coisas discordantes de um Poder com o outro, isso é normal. O que a gente tem que evitar são essas coisas pessoas que às vezes acontecem. Tem que ver o que considera mais, o que considera menos, o que não considera", disse o ministro.

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