Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Veja o que mudou na conduta de Mourão antes e depois da posse como vice

Antes conservador e agressivo, general assumiu discurso moderado dentro do governo

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São Paulo e Brasília

​Hoje apontado como uma voz moderadora dentro do governo Bolsonaro, Hamilton Mourão já teve postura bem mais conservadora e agressiva. Durante o período eleitoral, o general deu declarações que podem ser vistas como racistas, autoritárias e pouco republicanas. Suas falas geraram tensão entre a coordenação da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), que por algumas vezes precisou corrigir publicamente seu candidato a vice.

Em setembro, por exemplo, defendeu que, em uma situação de anarquia, o presidente deveria, com o apoio das Forças Armadas, dar um golpe —ou um "autogolpe", como definiu o fenômeno. Também não hesitou ao acusar o PT de ser o autor do atentado sofrido por Bolsonaro durante o período eleitoral.

Com a eleição, contudo, o general assumiu um tom mais contido. Já no governo, posicionou-se contra uma intervenção militar na Venezuela e se reuniu com representantes de diversos setores, de embaixadores a líderes sindicais.

Confira as principais declarações do vice antes e depois da posse.

A conduta de Mourão antes de assumir a vice-Presidência

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Cerimônia em homenagem ao general Hamilton Martins Mourão ao passar para a reserva - Pedro Ladeira-28.fev.18/Folhapress

 

Intervenção militar

Após o procurador-geral, Rodrigo Janot, denunciar o então presidente Temer pela segunda vez, em 2017, o general Mourão afirmou que “ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário [...], ou então nós teremos que impor isso”.

Índios e negros

Durante um evento no Rio Grande Sul, no ano passado, disse que o Brasil herdou a indolência dos indígenas e a malandragem dos africanos.

13º salário

Em palestra em setembro, Mourão chamou o 13º salário de “jabuticaba brasileira” e de “mochila nas costas dos empresários”. Também criticou o adicional de férias para os trabalhadores.

Golpe

Em entrevista à GloboNews, em setembro, defendeu um “autogolpe”, a ser dado pelo presidente com apoio das Forças Armadas em uma situação hipotética de anarquia no país.

Ditadura

Na mesma entrevista, disse que Carlos Alberto Brilhante Ustra, notório torturador, foi um “homem de coragem, de determinação, e que me ensinou muita coisa”. Também afirmou que houve uma guerra no período militar e que “heróis matam”.

Fábrica de desajustados

Em setembro, disse que famílias “sem pai e avô” são fábricas de desajustados e fonte de soldados para o tráfico de drogas.

Ataque a Bolsonaro

Quando Bolsonaro sofreu um ataque a faca, em setembro, Mourão disse ter certeza que o PT era o autor do crime. Também disse que “se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós”.

Constituinte 

Defendeu a elaboração de uma nova Constituição, feita por uma assembleia de “notáveis”, não eleitos.

Chávez


À revista piauí, em reportagem de dezembro, disse que Hugo Chávez, da Venezuela, deveria ter sido morto em 2002, quando sofreu uma tentativa de golpe militar. “Se tivesse matado o Chávez ali, teriam resolvido o problema”, disse.

A conduta de Mourão depois de assumir a vice-Presidência

O presidente Jair Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão durante a cerimônia de posse - Pedro Ladeira-1º.jan.19/Folhapress
 

Aborto

Em entrevista ao jornal O Globo, em fevereiro, disse que o aborto deve ser uma decisão da mulher. Ele também defendeu que fossem ampliadas as possibilidades em que uma mulher pode fazer o procedimento.

Jean Wyllys

Quando o deputado do PSOL anunciou sua decisão de não assumir um novo mandato e deixar o país, em janeiro, Mourão afirmou que ameaças a parlamentares são crime contra a democracia e disse que “é muito triste quando coisas assim acontecem”.

Lula

Em janeiro, Mourão considerou o pedido de Lula (PT), preso em Curitiba, para comparecer ao enterro do irmão uma “questão humanitária”.

CUT

Em fevereiro, o vice recebeu a CUT, entidade sindical historicamente ligada ao PT, para tratar da reforma da Previdência.

Ilona Szabó

Sobre o recuo do ministro Sergio Moro, a pedido de Bolsonaro, na indicação da especialista para membro suplente de um conselho, Mourão disse que “o Brasil perde todas as vezes que você não pode sentar numa mesa com gente que diverge de você”.

Venezuela

Ao jornal Financial Times, disse, em março, que não hesita em buscar canal de diálogo com Nicolás Maduro, ditador venezuelano. Mourão afirmou diversas vezes ser contra qualquer intervenção militar no país vizinho.

Violência

Ao responder uma pergunta sobre segurança pública, feita durante conferência nos EUA, em abril, defendeu investimentos sociais e melhorias na saúde e na educação como formas de resolver o problema. Também criticou as prisões brasileiras, que comparou às masmorras.

Mangabeira Unger

Em Boston (EUA), Mourão conversou com Roberto Mangabeira Unger, um dos principais conselheiros de Ciro Gomes (PDT) e ex-ministro dos governos de Lula e Dilma Rousseff (PT).

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