Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Bolsonaro põe no comando da Abin delegado da PF que atuou em sua segurança

É a primeira vez, desde 2007, que um presidente escolhe um nome de fora dos quadros da agência

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) escolheu um delegado da Polícia Federal que atuou na sua segurança logo após as eleições de 2018, Alexandre Ramagem Rodrigues, para chefiar a Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

O delegado atualmente trabalha na assessoria do general Santos Cruz (Secretaria de Governo), no Planalto. É a primeira vez, desde 2007, que um presidente escolhe um nome de fora dos quadros da Abin.

Portaria da sede da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), em Brasília
Portaria da sede da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), em Brasília - Divulgação/Abin

A escolha foi considerada internamente na agência como uma decisão do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e do presidente e ainda não há uma avaliação sobre a experiência e a competência do novo diretor na área de inteligência.

Ao confirmar a substituição nesta quarta-feira (8) em entrevista à imprensa no Planalto, o ministro do GSI, general Augusto Heleno, falou em alteração nas atividades do órgão, sem explicitá-las.

"É apenas uma troca para modificar um pouquinho a filosofia do nosso sistema de inteligência", disse Heleno.

O ministro disse que "nós vamos com muito cuidado, queremos fazer uma troca sem traumas, que não tem nada contra o atual diretor, é apenas uma troca feita por orientação do presidente da República".

Segundo Heleno, o governo está "buscando uma nova situação para a inteligência" e citou "o avanço da velocidade da informação [...] muito mais rápida do que estávamos acompanhando".

Conforme a Folha revelou em 18 de março, Heleno disse naquela época aos oficiais de inteligência da Abin, durante um pronunciamento no auditório do órgão, em Brasília, que Jair Bolsonaro gostaria de ser informado, no tempo mais curto possível, sobre a veracidade de mensagens viralizadas na internet e que chegam ao seu conhecimento.

Nesse sentido, a Abin atuaria quase como uma agência de checagem de informação, o que foi encarado com estranheza pelos oficiais de inteligência. Os servidores da Abin entendem que é necessário produzir relatórios aprofundados e amplos, e não apressados ou superficiais.

Segundo o ministro, "a ideia é colocar alguém de outra área de inteligência para ter uma integração maior e uma rapidez maior mas atividade de inteligência".

Ramagem trabalhou na segurança de Bolsonaro depois do atentado a faca sofrido pelo candidato em 6 de setembro, em Juiz de Fora (MG). Ele coordenou os trabalhos, que envolveram cerca de 55 policiais, do final de outubro até a posse de Bolsonaro, em 1º de janeiro. 

Antes disso, o delegado, que tem cerca de 15 anos de carreira na PF, trabalhou na superintendência de Roraima e, no Rio de Janeiro, conduziu a operação Cadeia Velha, de 2017, que prendeu os então deputados estaduais do MDB Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi.

Em março de 2018, Ramagem foi nomeado coordenador de recursos humanos da PF em Brasília. No começo deste ano, chegou a ser cotado para assumir a superintendência da PF no Ceará.

Em nota à Folha, o GSI confirmou "a substituição no cargo de diretor da Agência Brasileira de Inteligência, para o qual foi indicado o delegado da Polícia Federal Alexandre Ramagem".


 

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