Juiz deve seguir lei e não decidir naquilo que acha mais justo, diz Toffoli

Presidente do STF falou a advogados e não comentou polêmicas recentes

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São Paulo

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, criticou nesta segunda-feira (20) magistrados que tentam fazer “justiça em caso concreto” em vez de seguir o estabelecido na lei.

O presidente do STF, ministro Dias Toffoli - Marcelo Camargo/Agência Brasil

“É muito importante que nós tenhamos em conta que os magistrados têm que garantir que os pactos sejam cumpridos”, disse o ministro em evento da IBA (International Bar Association), a “OAB Mundial”, em São Paulo.

“Essa também é a função dos tribunais superiores e do Supremo Tribunal Federal”, acrescentou.

“Aplicar a Constituição, aplicar a lei, garantir que as normas e as regras do jogo sejam cumpridas como estabelecidas e não pelo desejo do intérprete naquilo que seria, na visão dele, o mais justo ou o mais correto ou que, no ponto de vista econômico, seria melhor para a sociedade.”

Toffoli fez o discurso de abertura do evento, que tem como tema insolvência de empresas, frisando que a Justiça deve garantir que haja segurança jurídica no país. Pediu “frieza de fazer valer os contratos” aos magistrados.

O presidente do STF citou estudo do Insper que afirma que o índice de aplicação “de interpretação puramente legalista” da lei de insolvência civil, de 2005 até hoje, caiu de 90% para 35%. 

Segundo ele, “porque os magistrados, em vez de aplicar a lei como estabelecido e garantir os contratos, garantir os pactos, começam a querer fazer justiça em caso concreto”.

Toffoli foi um dos responsáveis por elaborar a lei, quando ainda era subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, no governo Lula (PT).

Na semana passada, em evento em Nova York, Toffoli já havia defendido o que chamou de  autocontenção do Poder Judiciário.  "Tem-se a ideia de que o Judiciário resolve problema. Temos que cuidar do passado, não vamos cuidar do futuro, quem tem que fazer isso é a política. O Executivo cuida do presente, o Legislativo, do futuro, e o Judiciário, do passado", disse o ministro na ocasião. "Defendo a autocontenção do Judiciário. Vamos deixar que a política resolva as questões, que haja fluidez das coisas", completou.

Nesta segunda, o presidente do Supremo chegou e saiu do local do evento, um hotel no centro de São Paulo, sem falar com a imprensa. Ao contrário de eventos anteriores com a presença do ministro, não houve protestos à frente do local.

Toffoli não fez menção em seu discurso a polêmicas recentes que envolvem o Supremo, como o inquérito que investiga a divulgação de fake news contra integrantes da corte ou o texto compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), na sexta (17), com críticas à corte.

Para um público de advogados, parte deles de outros países, explicou as estruturas da Justiça brasileira e as funções e números de processos que o STF julga anualmente.

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