Em carta a presidente, mãe implora notícias do filho desaparecido na ditadura; leia

Fernando Santa Cruz, criticado nesta semana por Bolsonaro, desapareceu em 1974

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Brasília

Em busca de notícias do filho desaparecido em 1974, Elzita Santa Cruz, mãe de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, enviou cartas ao então presidente Ernesto Geisel e à primeira-dama Lucy Geisel.

Fernando, que sumiu após ser preso pela ditadura, foi alvo de declarações Jair Bolsonaro (PSL) na segunda (29). Sem apresentar provas, Bolsonaro disse que ele atuava na guerrilha e que teria sido morto por militantes de esquerda.

Elzita Santa Cruz em frente à foto do filho Fernando, desaparecido durante a Ditadura Militar
Elzita Santa Cruz em frente à foto do filho Fernando, desaparecido durante a ditadura militar - Reprodução

Não há, contudo, nenhum registro de que Fernando, que era pai do atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, tenha integrado a luta armada. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos ​​emitiu  no último dia 24 um atestado de óbito de Fernando, no qual informa que ele morreu em 1974 de forma "violenta, causada pelo Estado brasileiro".

Elzita, que morreu em junho passado, aos 105 anos, é considerada um símbolo na luta dos familiares de desaparecidos na ditadura. Ela passou 45 anos em busca de notícias do filho.

Nas cartas enviadas às autoridades, hoje sob a guarda do Arquivo Nacional, Elzita diz a Geisel que já havia batido em todas as portas à procura do filho e que tinha feito de tudo para localizá-lo.

"Por que, senhor presidente, se nega em um país democrata o direito de defesa, o respeito à vida de uma pessoa? Por quê?", escreve. 

A carta foi enviada em outubro de 1974, cerca de oito meses depois do sumiço de Fernando. Geisel foi presidente de 1974 a 1979.

Elzita também escreveu, em abril de 1974, uma carta à então primeira-dama, Lucy Geisel. No texto, ela pede, de uma mãe para outra, que Lucy lhe ajude a descobrir onde está Fernando.

"Não preciso dizer que a cada resposta negativa minhas lágrimas correm sem cessar, só conseguindo suavizar meu desespero a grande fé em Deus que tenho."

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