Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Moro vai tirar 5 dias de licença em meio a desgaste com mensagens

Ministério da Justiça diz que afastamento, não remunerado, é 'para tratar de assuntos particulares'

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Brasília

Sob desgaste após a divulgação de mensagens atribuídas a ele e à força-tarefa da Lava Jato, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, vai tirar uma licença na semana que vem.

Segundo despacho publicado nesta segunda-feira (8) no Diário Oficial da União, o motivo do afastamento temporário de Moro, entre segunda (15) e sexta (19), será para "tratar de assuntos particulares".

A assessoria de imprensa da pasta informou que o ministro entrará de férias, após seis meses no governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Como ainda não pode tirar férias oficialmente, por ter começado a trabalhar no ministério em janeiro, Moro optou por uma licença não remunerada. Durante a ausência de Moro, o secretário executivo Luiz Pontel responderá interinamente pela pasta. 

No início da noite de segunda, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, disse que o ministro havia solicitado a licença ao presidente no início de junho e que é preciso "reenergizar o nosso corpo".

"Trabalhar, trabalhar, trabalhar é importante. Mas descansar também faz parte do contexto de reenergizar o nosso corpo para prosseguirmos no combate", afirmou.

Moro enfrenta críticas desde o início de junho, quando o site The Intercept Brasil publicou uma série de mensagens atribuídas a ele e ao procurador Deltan Dallagnol que indicam interferência do então juiz na atuação do Ministério Público Federal. 

O conteúdo mostra, dentre outras coisas, Moro sugerindo a inversão da ordem de operações, antecipando uma decisão judicial e orientando Deltan a incluir uma prova contra réu da Lava Jato.

Moro diz não reconhecer a autenticidade das mensagens obtidas pelo site e nega ter cometido ilegalidades na condução da Lava Jato.

Reportagem da Folha e do Intercept deste domingo (7) revelou ainda que integrantes da força-tarefa da Lava Jato se mobilizaram para expor informações sigilosas sobre corrupção na Venezuela após receberem uma sugestão de Moro em agosto de 2017, também segundo mensagens privadas trocadas pelos procuradores na época.

PARA ENTENDER AS CONVERSAS

O que são Desde 9.jun, o site The Intercept Brasil vem divulgando um pacote de conversas envolvendo procuradores da República em Curitiba e Sergio Moro, na época juiz responsável pelos processos da Lava Jato

Período Os diálogos aconteceram desde 2014 pelo aplicativo Telegram

Fonte O site informou que obteve o material de uma fonte anônima, que procurou a reportagem há cerca de um mês. O vazamento, segundo o Intercept, não está ligado ao ataque ao celular de Moro, em 4.jun

Análise A Folha teve acesso ao material e não detectou nenhum indício de que ele possa ter sido adulterado. Os repórteres, por exemplo, encontraram diversas mensagens que eles próprios trocaram com a força-tarefa nos últimos anos

Conteúdo As mensagens indicam troca de colaboração entre Moro e a força-tarefa da Lava Jato. Segundo a lei, o juiz não pode auxiliar ou aconselhar nenhuma das partes do processo

Defesa Moro afirma ser alvo de um ataque hacker que mira as instituições e que tem como objetivo anular condenações por corrupção. O ex-juiz diz ainda não ter como garantir a veracidade das mensagens (mas também não as nega), refuta a possibilidade de ter feito conluio com o Ministério Público e chama a divulgação das mensagens de sensacionalista

Consequências O vazamento pode levar à anulação de condenações proferidas por Moro, caso haja entendimento que ele era suspeito (comprometido com uma das partes). Isso inclui o julgamento do ex-presidente Lula

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