Opinião sobre Lula e Moro reproduz polarização no país, mostra Datafolha

Segundo pesquisa, ex-juiz tem apoio de empresários e sulistas, e petista é defendido por mais pobres

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São Paulo

​Segundo pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (6), 58% dos brasileiros consideram inadequada a conduta de Sergio Moro em conversar com procuradores da Lava Jato. Outros 58% acham que as decisões do ex-juiz (hoje ministro da Justiça) devem ser revisadas.

O caso veio à tona após a revelação pelo site The Intercept Brasil de mensagens entre Moro e membros da força-tarefa da operação. Os diálogos aconteceram pelo aplicativo Telegram, entre 2014 e 2019. 

A reprovação a Moro, contudo, não mudou a percepção dos brasileiros sobre a condenação do ex-presidente Lula, preso desde abril do ano passado em Curitiba. A maioria é a favor da sua prisão, resultado já aferido em pesquisa realizada no ano passado.

A opinião sobre Lula, assim como acontece com a aprovação a Moro, pode variar bastante conforme a faixa de renda, região do país e posição no mercado de trabalho. Os mais ricos tendem a defender Moro, enquanto os mais pobres apoiam Lula. Empresários querem que o ministro fique no cargo, desempregados defendem a soltura do petista.

Abaixo, veja alguns recortes da pesquisa Datafolha que relacionam Sergio Moro e Lula.

Renda


Quanto maior a renda, maior o apoio à condenação de Lula. Ao mesmo tempo, mais ricos são os mais favoráveis a que Sergio Moro permaneça no cargo de ministro da Justiça.

Entre os que ganham até dois salários mínimos, 51% acham que Lula está preso injustamente. Já entre quem ganha mais de 10 salários mínimos o percentual é de 30%. 

Quanto a Moro, 69% dos mais ricos desejam que ele continue no Ministério da Justiça, contra 47% dos mais pobres.

Mercado de trabalho


No recorte do mercado de trabalho, os desempregados e assalariados sem carteira assinada são as categorias que mais se opõem à prisão de Lula, com a maioria considerando que ela foi injusta. Metade dos estudantes também se posiciona em favor do ex-presidente. 

Por outro lado, a maioria dos empresários acredita que as críticas a Moro não têm fundamento. Para 64% dos entrevistados nessa categoria, eventuais irregularidades cometidas pelo ex-juiz não têm importância diante dos resultados da Lava Jato.

Região


Enquanto Moro e a Lava Jato têm mais popularidade no Sul e no Sudeste, Lula é defendido pelos nordestinos —56% acham que o petista não deveria estar preso, maior percentual entre as regiões.

Já a operação tem melhor avaliação no Sul, onde 60% consideram o trabalho desempenhado ótimo ou bom, e no Sudeste, onde 58% têm essa opinião. 

Cor


No recorte por cor, metade dos indígenas acreditam que a prisão de Lula foi injusta. A maioria dos brancos, por sua vez, é favorável à medida.

Indígenas, amarelos e pretos são os que mais classificam a conduta de Moro como inadequada —opinião adotada por metade dos brancos.

Avaliação do governo

A maioria dos que avaliam positivamente o governo Bolsonaro tendem a apoiar as atitudes de Moro frente à Lava Jato. Para 56% dos que consideram a gestão federal ótima ou boa, eventuais irregularidades que o ex-juiz possa ter cometido são irrelevantes diante dos frutos colhidos no combate à corrupção. Entre quem considera o governo ruim ou péssimo, o percentual é de apenas 10%.

O mesmo acontece em relação à conduta de Moro ao conversar com procuradores. Consideraram adequado o comportamento do ministro 53% dos que avaliam o governo como ótimo ou bom, mas apenas 13% dos que o consideram ruim ou péssimo.

Quanto a Lula, 81% dos que têm visão positiva de Bolsonaro acham que a prisão do ex-presidente foi justa. Entre os que acham o governo ruim ou péssimo, só 25%.

PARA ENTENDER AS CONVERSAS

O que são Desde 9.jun, o site The Intercept Brasil vem divulgando um pacote de conversas envolvendo procuradores da República em Curitiba e Sergio Moro, na época juiz responsável pelos processos da Lava Jato

Período Os diálogos aconteceram no aplicativo Telegram entre 2014 e 2019

Fonte O site informou que obteve o material de uma fonte anônima, que procurou a reportagem há cerca de um mês. O vazamento, segundo o Intercept, não está ligado ao ataque ao celular de Moro, em 4.jun

Análise A Folha teve acesso ao material e não detectou nenhum indício de que ele possa ter sido adulterado. Os repórteres, por exemplo, encontraram diversas mensagens que eles próprios trocaram com a força-tarefa nos últimos anos

Conteúdo As mensagens indicam troca de colaboração entre Moro e a força-tarefa da Lava Jato. Segundo a lei, o juiz não pode auxiliar ou aconselhar nenhuma das partes do processo

Consequências O vazamento pode levar à anulação de condenações proferidas por Moro, caso haja entendimento que ele era suspeito (comprometido com uma das partes). Isso inclui o julgamento do ex-presidente Lula
 


 

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