Sem citar Promotoria do Rio, Bolsonaro fala em 'crime' na investigação do caso Flávio

Presidente atacou Ministério Público do Rio por suposta quebra de sigilo sem autorização judicial

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Rio de Janeiro

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez um ataque indireto ao Ministério Público do Rio de Janeiro neste sábado (27) durante entrevista após evento na Vila Militar, zona oeste da cidade.

O presidente falava sobre a situação do ministro Sergio Moro (Justiça) no governo quando disparou contra a Promotoria, responsável pela investigação contra o seu filho Flávio Bolsonaro (PSL) sobre o período em que foi deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.

O presidente também atacou a imprensa, mas sem citar nenhuma órgão da mídia especificamente.

"Quebrar sigilo sem autorização judicial e privilegiar um órgão de imprensa também é crime", disse Bolsonaro. "Publicar informações mentirosas mesmo sabendo que são mentirosas e não se retratar no meu entender isso é um crime também", completou.

O presidente Jair Bolsonaro e o filho e senador Flávio Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro e o filho e senador Flávio Bolsonaro - Pedro Ladeira/Folhapress

Na semana passada, atendendo a pedido da defesa de Flávio, o ministro Dias Toffoli (STF) determinou que investigações que tiveram origem no envio de dados detalhados ao Ministério Público por autoridades fiscais sem aval do Judiciário fiquem suspensas até que o Supremo defina regras para o compartilhamento de informações.

A investigação sobre Flávio começou com compartilhamento com a Promotoria de informações do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) —depois disso, a Justiça fluminense autorizou a quebra de sigilo bancário. A defesa de Flávio alega que, na prática, seu sigilo já havia sido quebrado antes da decisão judicial, pelo fato de a Promotoria ter obtido dados detalhados do Coaf. 

As suspeitas tiveram origem na movimentação atípica de R$ 1,2 milhão nas contas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.

Segundo o Ministério Público do Rio, há indícios robustos dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Flávio de 2007 a 2018, período em que Queiroz trabalhou com o então deputado estadual como uma espécie de chefe de gabinete.

Nesta semana, em entrevista à Folha, o advogado Frederick Wassef, que defende Flávio Bolsonaroclassificou como uma "barbaridade" a investigação feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro contra o senador.

"Se ilegalidades absurdas e seguidas foram cometidas no caso Flávio Bolsonaro, o primeiro passo é barrá-las. Não vou abrir mão dos direitos do meu cliente e deixar barbaridades serem cometidas por estar preocupado sobre qual seria a percepção do público", disse em entrevista à Folha nesta terça-feira (23). 

Em outras oportunidades, Flávio já havia tentado, em vão, bloquear a apuração via Justiça do Rio e STF com reclamações contra o MP-RJ, apontando quebra de sigilo bancário ilegal pela Promotoria.

Uma liminar do ministro Luiz Fux (STF) interrompeu a apuração por 15 dias, mas o ministro Marco Aurélio Mello declinou do caso em seguida e o devolveu ao Ministério Público do Rio de Janeiro. 

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