Afastado do governo Doria, Aloysio é sondado por Covas mas recusa cargo na Prefeitura de SP

Ex-senador tucano era opção do prefeito de São Paulo para chefia da Casa Civil

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São Paulo

O ex-senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) negou nesta quarta-feira (31) uma sondagem para chefiar a Casa Civil do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), que tentará a reeleição no ano que vem. 

Aloysio havia sido sondado de maneira informal por emissários do prefeito sobre a possibilidade de assumir o posto. No entanto, desgastado pela Lava Jato, o tucano recusou a proposta durante reunião com Covas na tarde desta quarta. 

Aloysio Nunes (PSDB) durante seminário sobre política externa na Fundação FHC, no centro de São Paulo - Danilo Verpa - 19.fev.19/Folhapress

À Folha o ex- senador negou que tivesse tratado assunto no encontro. Disse que visitou Covas por ser amigo dele e que conversaram sobre a disputa pela prefeitura e possíveis cenários.

A prefeitura também negou a existência de um convite a Aloysio, apesar de o ex-senador e o prefeito serem amigos e trocarem ideias. 

"Eu não fui convidado. O que houve foi uma especulação no meio político. Não está nos meus planos assumir função pública neste momento", disse Aloysio, que está trabalhando no setor privado. 

Em fevereiro, o ex-senador pediu demissão de seu cargo na gestão do governador João Doria (PSDB) após ter sido alvo de operação da Lava Jato. Ele era presidente da Investe SP, agência de estímulo a investimentos no estado.

Segundo a Folha apurou, da mesma forma que buscou evitar desgaste a Doria, Aloysio achou melhor recusar o cargo de chefe da Casa Civil da prefeitura. O envolvimento na Lava Jato pesou na decisão. O ex-senador nega ter cometido qualquer ilicitude. 

"Essa operação realmente é um fator de grande constrangimento, porque foi absurda e espalhafatosa. A investigação está concluída e o Ministério Público Federal não diz que destino será dado, se denunciam ou se arquivam. Minha vida está em suspenso porque eles não atam e nem desatam", disse Aloysio. 

"Foi minha a iniciativa de sair da Investe SP, porque esse fator de constrangimento poderia se estender ao governo. E minha situação não se alterou até agora", completou. 

Em operação que prendeu Paulo Preto, suposto operador de propinas do PSDB, o ex-senador foi alvo de busca e apreensão. Ele diz ser inocente da acusação de que teria recebido um cartão de crédito de Paulo Preto. 

"Foi absurdo porque foram buscar, em fevereiro de 2019, um cartão emitido e cancelado em 2007. Cancelado porque foi emitido por engano em meu nome e não era meu. E foi espalhafatoso porque havia helicópteros, agentes da Polícia Federal armados, com a imprensa avisada. Levaram um computador e um iPad da minha mulher e não devolveram até hoje", conta. 

A nomeação de Aloysio na Casa Civil seria especialmente delicada, já que Covas tentará a reeleição e porque o prefeito levantou a bandeira da expulsão de Aécio Neves (PSDB-MG) do partido justamente por conta de corrupção. 

Empregar alguém afastado da gestão Doria por ser alvo de operação também contradiz o próprio discurso do governador, que hoje é o principal líder tucano e quer disputar a Presidência em 2022. Doria prega faxina ética no PSDB e defende que jovens ocupem posição de destaque. 

Aliados de Covas apontam, no entanto, que Aloysio, ligado a tucanos históricos como os ex-governadores José Serra e Geraldo Alckmin, seria o melhor nome possível para o cargo. 

O entorno do prefeito admite que haveria desgaste e risco de novas operações contra o ex-senador, mas diz que Aloysio teria apoio. Tucanos apontam que ele fez um bom trabalho na articulação política na gestão de Serra na prefeitura e que tem o respeito dos vereadores. 

A interlocução com o Legislativo é uma das atribuições do chefe da Casa Civil. João Jorge (PSDB), que ocupa o cargo atualmente, irá reassumir sua vaga de vereador. Sua saída está praticamente acertada —há descontentamento de Covas com ele e o próprio vereador demonstrou interesse em voltar à Câmara.

Colaboraram Joelmir Tavares e Igor Gielow, de São Paulo

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