Bolsonaro viaja ao Piauí para inaugurar escola com seu nome e homenagear militar

Visita a Parnaíba marca a terceira visita do presidente ao Nordeste em menos de um mês

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Parnaíba (PI)

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) desembarca nesta quarta-feira (14) em Parnaíba (335 km de Teresina) para cumprir uma agenda cercada de simbolismos para o primeiro militar à frente da Presidência da República desde o fim ditadura militar (1964-1985). 

Em Parnaíba, que é a segunda maior cidade do Piauí, o presidente vai inaugurar uma escola erguida pelo Sesc (Serviço Social do Comércio) que seguirá modelo de ensino militarizado, uma das principais bandeiras do presidente no campo da educação. 

A escola foi batizada com o nome do próprio presidente e se chamará Escola Presidente Jair Messias Bolsonaro.

dias toffoli e bolsonaro se abraçam e riem
Jair Bolsonaro e o presidente do STF Dias Toffoli participam de solenidade no TST, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

Como pertence ao Sesc, entidade do sistema S cuja principal fonte de receita é a contribuição dos empresários do setor do comércio, não há restrição legal para que a escola seja batizada com o nome do presidente.

A iniciativa da homenagem partiu do presidente do conselho regional do Sesc no Piauí, Valdeci Cavalcante: “Não estamos homenageando o Bolsonaro. Ele é que irá nos homenagear se aceitar colocar seu nome em nossos anais”, afirmou o empresário à Folha.

A escola terá em seu currículo a disciplina “educação, moral e cívica”, instaurada nas escolas durante a ditadura militar para ensinar sobre civismo e patriotismo.

Também nesta quarta-feira, no Piauí, o presidente participa da “inauguração” de uma avenida batizada com o nome do general João Baptista Figueiredo, último dos presidentes da ditadura, que governou o Brasil de 1979 a 1985.

A via que ganhará o nome do ditador não é exatamente uma obra nova: trata-se de um desmembramento da avenida Dr. João Silva Filho. A antiga avenida foi dividida em dois trechos que terão nomes diferentes.

A mudança foi aprovada no início deste mês pela Câmara Municipal de Parnaíba.

Nos dois atos, o presidente será ciceroneado por um antigo aliado: o ex-governador do Piauí (1994-2001) e atual prefeito de Parnaíba Francisco de Moraes Souza, o Mão Santa (SD).

O prefeito de Parnaíba, Mão Santa
O prefeito de Parnaíba, Mão Santa - Benonias Cardoso/Folhapress

Conhecido pelo estilo folclórico e por bordões como “atentai bem”, Mão Santa foi governador do Piauí de 1995 a novembro de 2001, quando foi cassado por abuso de poder econômico durante as eleições.

Em 2017, Mão Santa chegou a ser cortejado por Bolsonaro como um potencial vice para sua chapa nas eleições presidenciais.

“Pode ser o início de um namoro, mas um namoro hétero”, disparou o então deputado federal Jair Bolsonaro em 2017, ao receber a medalha do mérito municipal de Parnaíba. Na época, marcava entre 11% e 16% das intenções de voto para a Presidência, segundo o Datafolha.

O “namoro” para a vice não prosperou, já que Mão Santa relutou em renunciar o mandato para aventurar-se numa candidatura nacional.

Além da inauguração da escola e da avenida, o presidente deverá fazer um sobrevoo pela região do perímetro irrigado Tabuleiros Litorâneos. Também receberá da Câmara Municipal o título de cidadão parnaibense.

Um título semelhante foi aprovado para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ainda não há confirmação se ela irá à cidade de Parnaíba receber a honraria.

A viagem a Parnaíba também marca a terceira visita do presidente ao Nordeste em menos de um mês —ele foi à Vitória da Conquista e Sobradinho, na Bahia, nas últimas duas semanas.

A ofensiva na região acontece em meio a polêmicas do presidente junto aos governadores da região, dos quais sete dos nove são de partidos de oposição.

A relação ficou tensionada após o dia 19 de julho, quando, o presidente usou uma expressão preconceituosa em relação aos nordestinos. "Daqueles governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão [Flávio Dino, do PC do B]. Tem que ter nada com esse cara". O termo "paraíba" é usado de forma pejorativa para se referir a nordestinos.

Dias depois, na Bahia, o presidente chamou os governadores nordestinos de socialistas e afirmou que eles querem transformar a região "em uma Cuba". 

 
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