Doria diz que seu governo não é autoritário e isolado

Tucano não cita Bolsonaro, de quem tem buscado se afastar, ao negar ação política em Xangai

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Xangai

Em meio ao jogo para redefinir o tabuleiro político após a aprovação da reforma da Previdência, o governador João Doria (PSDB-SP) disse nesta sexta (9) que sua administração não é isolada ou autoritária.

Ele fez a citação espontaneamente, ao negar durante entrevista coletiva que a abertura do escritório comercial paulista em Xangai poderia ser peça de uma eventual candidatura presidencial em 2022.

“Nossa preocupação é fazer um governo múltiplo, não isolado, autoritário, onde apenas uma pessoa manda, determina, comanda”, disse, sem fazer referência ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), ainda que a comparação acabe sendo óbvia no contexto atual.

Questionado sobre o sentido da frase, Doria negou ter falado sobre o presidente. “Não é nenhum recado. Apenas uma forma de governo compartilhado é delegado. É o meu estilo habitual”.

o Governador João Doria discursa durante cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, em junho de 2019 - Eduardo Knapp - 28.jun.2019/Folhapress

Poucas horas antes, no Brasil, o seu aliado Rodrigo Maia (DEM-RJ) havia feito duras críticas ao mandatário.

Maia, presidente da Câmara, havia dito que Bolsonaro era “fruto dos nossos erros” durante evento em São Paulo. O deputado é um dos principais interlocutores de Doria hoje.

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem radicalizado seu discurso e suas ações de governo. Na quinta (8), Doria havia dito à Folha esperar que o presidente “retomasse o diálogo”, já que tem três e anos e meio de mandato à frente.

Com a aprovação da reforma e os movimentos de Bolsonaro, há um rearranjo de peças na política brasileira. A primeira etapa será a disputa pela paternidade, entre Executivo e Legislativo, de uma eventual reforma tributária.

Mas o jogo todo se afunila para as composições visando a campanha municipal de 2020, que poderá alinhavar forças para a disputa pelo Planalto.

Doria tem mantido uma dinâmica de morde e assopra com o Planalto, dado que não quer antagonizar-se explicitamente com Bolsonaro. 

Ambos dividem uma faixa do eleitorado mais conservador, e o tucano teme a acusação de traição, já que de campanha no segundo turno se 2018 com sua imagem colada à do então presidenciável —o notório slogan BolsoDoria.

Assim, na conversa de quinta ele disse que o seu partido não deve ser oposição ao governo e, nesta sexta, elogiou o ministro Tarcísio Freitas, da Infraestrutura.

O escritório aberto por Doria é bancado pelo governo chinês, que fez uma doação de R$ 250 mil e cedeu três anos de aluguel subsidiado bum cento integral de negócios na periferia de Xangai.

Empresas e associações brasileiras bancarão o custeio do local, e a agência paulista de investimentos pagará apenas o salário do chefe do local, o ex-representante do órgão federal de fomento à exportações na China José Mário Antunes.

Doria fez um balanço da visita que faz ao país com empresários, vislumbrando US$ 24 bilhões (quase R$ 100 bilhões) de investimentos potenciais que podem atrair os chineses nos próximos dez anos.

O Banco de Desenvolvimento da China, por sua vez, assinou compromisso de financiar ao menos US$ 10 bilhões em projetos no estado.

O jornalista viaja a convite da InvestSP

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