O juiz Danilo Pereira Junior, da 12ª Vara Federal de Curitiba, repreendeu nesta quinta-feira (8) a doleira Nelma Kodama, condenada na Operação Lava Jato, por ter divulgado em suas redes sociais um tipo de “tutorial” para a retirada da tornozeleira eletrônica.
Ela obteve autorização para remover sozinha o equipamento na terça-feira (6). No despacho desta quinta, o magistrado afirmou que ela disponibilizou o vídeo da ação em diversos meios de comunicação. No Instagram, Nelma transmitiu ao vivo o momento em que abria o equipamento. O vídeo já foi retirado da rede social.
O juiz escreveu que ela “presta um desserviço à sociedade brasileira”. “A atitude, longe de perpassar pela liberdade de expressão, a todos assegurada constitucionalmente, configura inegável comportamento antiético e ofensivo à dignidade de Justiça”, continua o magistrado.
Danilo afirmou ainda que, embora a extinção da pena de Nelma tenha sido reconhecida, ela permanece vinculada aos termos do acordo de delação premiada que firmou. Além disso, ele determinou que a defesa da doleira se manifeste formalmente sobre o ocorrido.
Nelma é conhecida nas redes sociais por mostrar detalhes de sua condenação. No último dia 26, ela postou uma foto no Instagram em que ostentava a tornozeleira ao lado de um sapato vermelho da marca Chanel. A imagem rendeu mais de 1.800 comentários. Ela mantém ainda um site em que oferece serviços de aconselhamento profissional.
A doleira integrava a lista dos primeiros presos da Lava Jato, em março de 2014. Ela foi condenada em outubro daquele ano pelos crimes de corrupção, evasão de divisas e organização criminosa. Depois que firmou acordo de delação premiada com as autoridades, a pena, que era de 18 anos, foi diminuída para no máximo 15 anos.
Em junho de 2016, a doleira passou para um regime aberto diferenciado, com uso da tornozeleira eletrônica. Como já havia cumprido um quinto da pena, na terça-feira, o magistrado a reconheceu como beneficiária do indulto natalino editado pelo ex-presidente Michel Temer, em 2017, e declarou extinta a punibilidade.
Na sentença, o juiz autorizou que ela mesma removesse o equipamento e o enviasse, no prazo de cinco dias, pelo Correio, para a Justiça Federal.
A Folha ainda não conseguiu contato com a defesa de Nelma.
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