Associação critica Glenn Greenwald por chamar repórteres de jornal de corruptos

Abraji afirma que 'nenhum jornalista deve ser acusado sem provas por realizar seu ofício de divulgar informações'

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São Paulo

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) criticou o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, pelas manifestações em vídeo no YouTube no qual chama de corruptos dois repórteres do jornal O Globo, além de procuradores do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Em nota divulgada nesta sexta-feira (13), a entidade também manifestou solidariedade aos repórteres Juliana Dal Piva e João Paulo Saconi, autores de reportagem que apontou movimentações financeiras atípicas do deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), marido de Greenwald.

“Nenhum jornalista deve ser acusado sem provas por realizar seu ofício de divulgar informações. Lamentamos que um jornalista lance mão de expedientes dos quais ele próprio é vítima frequente —acusações e descredibilização— contra outros colegas, ultrapassando o limite da crítica ao trabalho feito”, afirma a Abraji. 

O jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, depõe no Congresso sobre os vazamentos de mensagens da Lava Jato
O jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, depõe no Congresso sobre os vazamentos de mensagens da Lava Jato - Pedro Ladeira - 11.jul.19/Folhapress

No vídeo feito após reportagem do jornal, Glenn diz saber "exatamente quem são os corruptos neste caso". "Não é David Miranda, são os procuradores do Ministério Público e os repórteres e editores do O Globo, que publicou um artigo lixo”, afirma.

Segundo a reportagem, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) encaminhou ao Ministério Público do Rio de Janeiro um relatório sobre movimentação de dinheiro em contas de David Miranda. 

As movimentações atípicas, por si só, não configuram crime —o que ocorre quando a origem do dinheiro é ilícita.

O texto afirma que a ação ocorreu dois dias após o Intercept iniciar a divulgação de mensagens trocadas pela força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba.

Editor do site, Glenn sofreu ataques após a revelação de diálogos (publicados também por outros órgãos de imprensa, como a Folha) que colocaram sob suspeita a conduta de procuradores e do ex-juiz Sergio Moro.

Em julho, a Abraji havia defendido Glenn ao repudiar fala do presidente Jair Bolsonaro dizendo que o jornalista, que é americano, poderia "pegar uma cana no Brasil".

Em rede social, Glenn buscou justificar suas manifestações sobre a reportagem do Globo e afirmou que jornalistas não estão imunes a críticas pelo trabalho que desempenham.

“É legítimo que todos na vida pública que exercem o poder tenham suas ações criticadas. Isso inclui jornalistas. Confluir as críticas de jornalistas com ataques à imprensa livre torna muito mais difícil defender ataques reais à imprensa livre.”

Procurado pela Folha, o jornal O Globo informou que não vai se manifestar.

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