O ex-governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB) morreu neste domingo (1º), aos 81 anos. Ele estava internado desde 19 de agosto, no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista.
Goldman fazia o tratamento de um câncer no hospital, quando passou mal. Uma hemorragia foi detectada no cérebro, e o ex-governador passou por cirurgia, mas não resistiu.
Seu velório será nesta segunda-feira (2), das 8h às 14h, na Assembleia Legislativa de São Paulo. O enterro está previsto para as 15h, no Cemitério Israelita do Butantã.
O ex-governador deixa a mulher, Deuzeni Goldman, cinco filhos e quatro netos.
O tucano, ex-comunista e judeu, foi governador de abril a dezembro de 2010, quando assumiu o posto de José Serra (PSDB), de quem era vice-governador. Serra deixou o cargo para concorrer à Presidência da República naquele ano.
Também na gestão de Serra, Goldman foi secretário estadual de Desenvolvimento, função que acumulou com a de vice-governador.
Tucano da ala histórica do PSDB, Goldman tornou-se crítico do ex-prefeito de São Paulo e atual governador João Doria (PSDB), considerado hoje o principal líder nacional do partido.
Por conta das contestações públicas a Doria, o PSDB paulistano, comandado por um aliado de Doria, chegou a expulsá-lo sumariamente em outubro do ano passado. A direção nacional tucana, no entanto, orientou que ele desconsiderasse a expulsão por não ter valor jurídico.
“Não tem nenhum panaca nesse partido que tenha condição moral de pedir a minha expulsão”, afirmou Goldman à época.
Em um vídeo gravado por Doria em outubro de 2017, Goldman foi chamado de improdutivo e fracassado que "agora vive de pijamas em sua casa".
O governador paulista decretou luto de três dias neste domingo. Doria também ofereceu o Palácio dos Bandeirantes para abrigar o velório de Goldman, mas a família preferiu ocupar a Assembleia Legislativa, segundo informou a assessoria do governo em nota.
Na disputa pelo governo paulista em 2018, Goldman se aproximou de Paulo Skaf (MDB) no primeiro turno.
Em entrevista à Folha em novembro passado, Goldman disse que a ascensão de Doria ocorreu em paralelo ao fim de uma era no partido.
"Terminou um ciclo no qual o PSDB formou uma corrente social-democrata, mas tem que repensar isso porque o país não adotou esse caminho. Então esse ciclo, evidentemente, é um tempo que passou", afirmou.
Durante o mandato de Goldman no governo paulista, em outubro de 2010, a Folha revelou que soube seis meses antes da divulgação do resultado quem seriam os vencedores da licitação para concorrência dos lotes de 3 a 8 da linha 5-lilás do metrô. O então governador determinou a suspensão do processo licitatório.
Também na administração de Goldman foram iniciadas obras no parque da Água Branca, na zona oeste paulistana, que levaram a críticas de usuários e questionamentos judiciais.
O tucano foi ministro dos Transportes de 1992 a 1993, no governo Itamar Franco (MDB).
Nesse cargo Goldman deu início ao processo de privatização com cobrança de pedágio da via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, e promoveu a realização de obras emergenciais de recuperação de pistas da rodovia.
No ministério ele também realizou a licitação para duplicação da rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Minas Gerais.
Nascido em 12 de outubro de 1937, em uma família judia, Goldman se formou em engenharia civil pela Universidade de São Paulo. Na faculdade, ele iniciou a militância política no Partido Comunista Brasileiro (PCB). Seus pais eram comunistas marxistas, nascidos na Polônia.
Começou a carreira política como deputado estadual por duas legislaturas (1971-1979), tendo sido eleito pelo MDB —o PCB era clandestino. Goldman chegou a migrar para o partido após a sua legalização, em 1985, mas voltou ao MDB em 1987.
Na época, militou contra a ditadura militar e presidiu a CPI que investigou a invasão da PUC pela polícia.
Também foi deputado federal por seis legislaturas, sendo a primeira de 1979 a 1983 e a última de 2003 a 2007.
Goldman ocupou, nos anos 1980, duas secretarias estaduais no governo de Orestes Quércia (MDB) em São Paulo.
Em 1997, Goldman entrou para o PSDB, partido que presidiu interinamente por um mês em 2017, quando Aécio Neves foi afastado do cargo após o escândalo da JBS.
Em julho deste ano, ele já havia sido internado após uma queda de pressão arterial. Na ocasião, Doria autorizou que a Polícia Militar usasse um de seus helicópteros Águia para transportar Goldman de São José dos Campos a São Paulo.
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