Temer rebate acusações e diz que Janot se revelou um 'insano homicida-suicida'

Ex-presidente nega que tenha pedido a ex-procurador-geral para engavetar denúncia contra Cunha

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São Paulo

O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta sexta (27) que Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, revelou-se um "insano homicida-suicida", além de ser "mentiroso costumaz e desmemoriado". 

A crítica, feita por meio de nota, é uma resposta a acusações que Janot fez contra Temer em seu livro de memórias, "Nada Menos que Tudo" (editora Planeta), escrito com a colaboração dos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin. 

No livro, Janot diz que em março de 2015, o então vice-presidente Temer e o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (MDB-RN) pediram que ele arquivasse a primeira investigação aberta contra o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ), hoje preso no Rio de Janeiro.

Temer diz que as ocasiões em que o ex-procurador-geral esteve com ele "foram para detratar e desmoralizar os possíveis integrantes de lista tríplice para procurador-geral da República e para sugerir que nomeasse alguém fora da lista". "Não merece consideração", acrescentou.

Quando ainda estava na Procuradoria-Geral da República, Rodrigo Janot denunciou Michel Temer duas vezes, com base nas delações de executivos da J&F, dona da JBS.

Em junho de 2017, a Procuradoria acusou o ex-presidente de corrupção passiva, por supostamente ter sido o real beneficiário de uma mala com R$ 500 mil entregue pela JBS ao ex-deputado Rocha Loures. Em setembro do mesmo, denunciou Temer sob acusação de obstrução de Justiça e participação em organização criminosa.

O emedebista sempre negou que tivesse cometido irregularidades.

Além do episódio com Temer, Janot também relata no livro que também entrou armado no Supremo Tribunal Federal. Ele disse nesta quinta (26) à Folha sua intenção era matar o ministro Gilmar Mendes, por causa de insinuações que ele teria feito sobre sua filha em 2017. 

O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot - Adriano Machado/Reuters

No livro, ele não nomeia Gilmar. "Tenho uma dificuldade enorme de pronunciar o nome desta pessoa", disse. 

O ex-deputado Eduardo Cunha também divulgou nota. Disse que irá acionar judicialmente o ex-procurador-geral, assim como espera "que ele seja responsabilizado pela tentativa do homicídio".

"Janot é dotado de ódio pessoal contra mim e foi responsável pela divulgação de falsas acusações contra mim", disse Cunha. "Ele mesmo fala que o inquérito contra mim estava muito ruim, o que só prova que sou vítima de perseguição comandada por ele."

"Trata-se de um psicopata e homicida que não merece respeito", disse Cunha.

Nesta sexta, em mensagem enviada à coluna Mônica Bergamo, da Folha, Gilmar Mendes se disse surpreso e recomendou tratamento psiquiátrico a Janot.

Em maio de 2017, como procurador-geral,  Janot pediu a suspeição de Gilmar em casos relacionados ao empresário Eike Batista, que se tornara alvo da Lava Jato e era defendido pelo escritório de advocacia do qual a mulher do ministro, Guiomar Feitosa Mendes, é sócia.   

Segundo Janot, o ministro do STF reagiu na época lançando suspeitas sobre a atuação de sua filha, Letícia Ladeira Monteiro de Barros, que é advogada e representara a empreiteira OAS no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). 

"Num dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha", diz Janot no livro.

"Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não."

Na entrevista à Folha, ele disse que seu plano era matar Gilmar antes do início da sessão no STF. "Na antessala, onde eu o encontraria antes da sessão", afirmou. O ex-procurador disse que não entrou no plenário do tribunal armado. 

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