Tabata e mais 6 deputados alegam perseguição ao reivindicar mandato na Justiça

Dissidentes da reforma da Previdência no PDT e PSB entrarão com processos para deixar siglas

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Brasília

Os deputados do PSB e do PDT que decidiram entrar na Justiça Eleitoral para saírem de seus partidos sem perderem os mandatos argumentam que sofrem perseguição desproporcional por terem votado a favor da reforma da Previdência.

O conjunto de sete parlamentares inclui a deputada Tabata Amaral (PDT-SP), que acabou se tornando símbolo do grupo de dissidentes e passou a sofrer críticas da cúpula da legenda e de eleitores após marcar sim ao projeto, em julho.

De acordo com Tabata, mesmo entre os parlamentares que se posicionaram a favor da reforma, há uma diferença de tratamento.

"Havia uma perseguição bem desproporcional a alguns parlamentares", afirmou ela em entrevista nesta terça-feira (15) na Câmara.

"Cada um sofreu perseguição na sua localidade, nos seus estados. Foram acusações nominais, foram ao rádio e à TV falar coisas horríveis e mentirosas sobre a gente. Agora, por que o PDT escolheu alguns cristos? Não é a gente que vai ter essa resposta." 

Ela citou a votação da reforma no Senado, em que Kátia Abreu (PDT-TO), que foi vice de Ciro Gomes (PDT) na eleição de 2018, deu voto favorável às mudanças na aposentadoria.

"Respeito e admiro muito a coragem da senadora Kátia por votar, mas mostra que o tratamento não é igual, é bem individualizado com parlamentares que estavam incomodando", disse. 

Tabata anunciou a decisão de ir à Justiça para tentar sair do partido e preservar o mandato na segunda-feira (14), durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. 

A deputada afirmou que ainda não decidiu para qual partido irá, mas que os deputados não criarão uma nova sigla. Além dela, outros seis parlamentares dos dois partidos devem entrar nesta quarta (16) com ação declaratória de justa causa. 

Eles são os deputados do PDT Marlon Santos (RS), Flávio Nogueira (PI) e Gil Cutrim (MA) e os deputados do PSB Rodrigo Coelho (SC), Jefferson Campos (SP) e Felipe Rigoni (ES)

Rigoni afirmou que antes de se filiar ao PSB o partido assinou uma carta em que se comprometia a dar independência ao parlamentar e que se posicionou a favor da reforma da Previdência depois que as mudanças propostas por deputados do partido foram acatadas.

"O texto que votamos não é o que o PSB tinha fechado questão [contra]", afirmou ele. 

Já o deputado Marlon Santos afirmou que o PDT está em situação "extremamente autocrática" e que o partido desrespeita a Constituição. "Não tem como ficar num partido para que os deputados votem a cabresto", disse. 

A legislação prevê que, caso deputados saiam do partido em período que não há janela de trocas, as siglas possam reivindicar seus mandatos. Há, no entanto, exceções que podem ser contestadas judicialmente, como a alegação de justa causa, em que não há condições do parlamentar continuar a exercer seu mandato no partido de origem. 

No total, 18 parlamentares das duas legendas votaram a favor da reforma. Nem todos, porém, decidiram participar da ação. 

Em julho, a comissão de ética nacional do PDT oficializou a abertura de processo contra Tabata e outros sete parlamentares que contrariaram o partido. Os dissidentes ficaram sujeitos a punições que variam de uma advertência até a expulsão.

O colegiado da sigla deve apresentar na terça-feira (22) um relatório sobre o caso à executiva nacional da legenda.

Em agosto, o PSB decidiu expulsar o deputado Átila Lira (PI) e suspender outros nove parlamentares que votaram a favor da reforma da Previdência na Câmara.

RELAÇÃO ENTRE DEPUTADOS E PARTIDOS

Fidelidade partidária
A Constituição e as leis brasileiras estabelecem a fidelidade partidária como princípio e asseguram às siglas o direito de fixar regras para o cumprimento, bem como sanções em caso de desobediência

Mandato
Decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que, nos cargos do sistema proporcional (vereadores, deputados estaduais e federais), o mandato pertence ao partido. A desfiliação, portanto, implicaria a perda do posto. Uma das exceções é se o parlamentar conseguir provar que foi vítima de perseguição internamente

Fechamento de questão
O fechamento de questão é quando uma instância da sigla estabelece a forma como os parlamentares devem votar um determinado projeto. O descumprimento da orientação pode acarretar as punições previstas no estatuto

Expulsão
O entendimento do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é que o partido não pode requerer o mandato de um parlamentar que tenha sido expulso por ele. O político que foi dispensado pela legenda pode se filiar imediatamente a outra

Processo
Geralmente o processo que pode resultar em expulsão é aberto após alguma representação. A direção do partido encaminha o caso à comissão de ética, que instaura um procedimento e deve garantir amplo direito de defesa. A direção recebe o relatório e dá a palavra final

Outras sanções
As punições para infidelidade, como no caso de desobediência ao fechamento de questão, estão no estatuto da legenda. Há gradações que vão de advertência e censura pública até expulsão. No caso de parlamentares, a lei admite, por exemplo, desligamento temporário da bancada, suspensão do direito de voto nas reuniões internas e perda de funções

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