Beto Richa, do PSDB, vira réu pela 4ª vez em operação sobre desvio de verba escolar

Ex-governador do Paraná é acusado de lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça

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Curitiba

O ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) virou réu pela quarta vez no âmbito da Quadro Negro, operação que investiga supostos desvios de ao menos R$ 20 milhões em verbas destinadas à construção e reformas de escolas públicas no estado.

A Justiça paranaense aceitou a denúncia do Ministério Público na sexta-feira (22) sob a acusação dos crimes de lavagem de dinheiro e obstrução de investigação.

Também viraram réus sob a acusação dos mesmos crimes a esposa do político, Fernanda Richa, e o contador da família, Dirceu Pupo. Um dos filhos do ex-governador, André Richa, foi denunciado apenas por lavagem de dinheiro.

O ex-governador do Paraná Beto Richa, candidato do PSDB ao Senado, durante ato de campanha
O ex-governador do Paraná Beto Richa, durante ato de campanha ao Senado em 2018 - Divulgação

Segundo o Ministério Público, em 2013 Richa e seus familiares adquiriram um conjunto de salas comerciais em Curitiba por R$ 2,2 milhões. Cerca de R$ 830 mil do total teriam sido pagos em dinheiro com propina recebida de construtoras investigadas na Quadro Negro.

Os imóveis estão em nome da empresa que concentra o patrimônio da família Richa. Os indícios de lavagem estariam no pagamento do valor em espécie e na supervalorização de outro imóvel, que também seria de origem ilícita, dado como parte no negócio.

Em agosto do ano passado, no meio das investigações, Richa, a esposa e o contador ainda teriam tentado influenciar o corretor de imóveis que intermediou o negócio a esconder a existência do pagamento, caso viesse a ser procurado pelas autoridades.

Richa já responde por outros crimes no âmbito da operação Quadro Negro. Para o Ministério Público, o político comandou a organização criminosa e foi o principal beneficiário das propinas dadas pelas empresas envolvidas no esquema de desvios de obras nas escolas públicas estaduais.

Em março, a Justiça aceitou denúncia contra ele sob a acusação de organização criminosa, corrupção passiva e prorrogação indevida de contrato de licitação.

No mês seguinte, ele foi acusado de obstrução de investigação e organização criminosa. Logo em seguida, ele se tornou réu sob a acusação dos crimes de corrupção passiva e de obter vantagem indevida em contrato de licitação.

Outro lado

Em nota, a defesa de Beto Richa afirmou que recebe com “perplexidade” a notícia do recebimento da denúncia, já que os fatos já foram alvo de acusações anteriores.

“O Ministério Público se contradiz, e agora acusa o ex-governador sem saber apontar a ilicitude dos recursos”, diz a nota.

A defesa de Fernanda e André Richa declarou por meio de nota que a empresa patrimonial citada na denúncia foi constituída em 2008 para gerir a herança do pai de Fernanda, mas que não possui qualquer relação com Beto Richa.

"A sociedade tem como sócios apenas Fernanda e seus filhos", diz. O texto afirma ainda que todas as transações feitas pela empresa ocorreram em razão de "oportunidades comerciais reais e lícitas" e que não houve operação para ocultar ou dissimular valores.

A defesa de Dirceu Pupo foi procurada, mas ainda não se manifestou. 
 

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