Repórter da Folha recebe prêmio internacional de liberdade de imprensa

Em evento nos EUA, Patrícia Campos Mello dedicou premiação a outras jornalistas brasileiras que também foram atacadas

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São Paulo

A repórter especial da Folha Patrícia Campos Mello recebeu na noite desta quinta (21), em Nova York, o Prêmio Internacional de Liberdade de Imprensa, concedido pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), organização independente de defesa da liberdade de expressão.

A premiação foi entregue também a outros quatro jornalistas que foram ameaçados por causa de suas reportagens na Índia, na Nicarágua e na Tanzânia.

Campos Mello, que também é colunista da Folha, foi laureada após ter sido alvo de ataques devido à publicação da reportagem “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”, em outubro do ano passado. À época, a jornalista teve sua conta de WhatsApp hackeada e recebeu ligações nas quais uma voz masculina a ameaçou. 

Os jornalistas premiados pelo comitê Zaffar Abbas (esq.), Miguel Mora, Lucia Pineda, Maxence Melo, Patrícia Campos Mello e Neha Dixit em frente ao prédio em que foram recebidos pelo vice-presidente americano, Mike Pence, na terça (19)
Os jornalistas premiados pelo comitê Zaffar Abbas (esq.), Miguel Mora, Lucia Pineda, Maxence Melo, Patrícia Campos Mello e Neha Dixit em frente ao prédio em que foram recebidos pelo vice-presidente americano, Mike Pence, na terça (19) - Acervo Pessoal

As ameaças também se alastraram por grupos de apoio ao então candidato e hoje presidente Jair Bolsonaro no WhatsApp. Foram distribuídas mensagens convocando eleitores para confrontar Campos Mello no endereço onde aconteceria um evento que seria moderado por ela.

Ao receber a homenagem, a repórter mencionou a ditadura militar (1964-1985) e disse que hoje há uma nova forma de censura e intimidação.

Afirmou que as jornalistas mulheres são as principais vítimas, com ameaças online e pessoais, além de ter filhos intimidados e endereços e números de telefones expostos.

“Cobri conflitos ao redor do mundo, na Líbia, na Síria, no Iraque e no Afeganistão. Nunca precisei de guarda-costas. Mas, quando eu estava cobrindo as eleições no ano passado na minha cidade, São Paulo, Brasil, eu precisei.”

​Campos Mello dedicou o prêmio a colegas jornalistas brasileiras que também foram atacadas e ameaçadas devido a reportagens publicadas nos últimos dois anos.

Outra jornalista premiada nesta quinta pela entidade foi a indiana Neha Dixit, que sofreu ameaças físicas e jurídicas, além de assédio nas redes sociais, após relatar a má conduta da polícia e de grupos de extrema-direita em seu país.

Também premiados, Lucía Pineda Ubau e Miguel Mora são diretora e editor, respectivamente, da TV 100% Notícias, um dos mais proeminentes veículos de mídia independente na Nicarágua. Os dois ficaram seis meses presos e isolados por sua cobertura das manifestações contra o regime de Daniel Ortega.

Maxence Melo Mubyazi, que também recebeu o prêmio, é cofundador do Jamii Forums, um dos principais sites de discussão na Tanzânia. Em 2017, compareceu 81 vezes em tribunais após ser processado sob a Lei de Crimes Cibernéticos. Instituída pelo governo em 2015, na prática a legislação expandiu os poderes de vigilância estatal na internet.

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