Após exames, Bolsonaro diz que há possibilidade de ter câncer de pele

Presidente passou por consulta no Hospital da Força Aérea Brasileira, em Brasília

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Brasília

Após passar por exames nesta quarta-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que existe a possibilidade de ter um câncer de pele. 

"Eu tenho pele clara, pesquei muito na minha vida, gosto muito de atividade, então a possibilidade de câncer de pele existe", disse Bolsonaro ao entrar no Palácio da Alvorada. 

O presidente Jair Bolsonaro - Antonio Cruz/ Agência Brasil

A declaração foi feita logo depois de o presidente realizar exames no Hospital da Força Aérea Brasileira, em Brasília. 

Inicialmente, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto havia informado que se tratava de uma consulta de rotina.

Bolsonaro chegou ao Alvorada no início da noite com um curativo na orelha esquerda. Questionado, disse que havia a possibilidade de um câncer e que estão fazendo uma checagem.

Ele também informou que cancelou uma viagem a Salvador nesta quarta por estafa.

O presidente não soube explicar que tipo de exame foi realizado. 

Segundo aliados,  Bolsonaro passou por um procedimento para retirar pintas. Em seguida, foi realizada uma cauterização no local. Em junho, ele já havia sido submetido a processo semelhante. 

"Não sei se vão fazer biópsia, me cutucaram, furaram, deram anestesia. Eu dormi. Eu tava tão cansado que eu deitei na maca e dormi", disse Bolsonaro, acrescentando que o procedimento foi realizado apenas na orelha esquerda. 

"Tem possível câncer de pele. Fizeram uma checagem em mim. Inclusive não é eu que peço, muitas vezes eles que me convocam e eu vou pra lá. Eu não sou dono mais de mim em muitas questões. Uma coisa que tô abusando é as saídas por aí. Outro dia comi pastel na feira do Paraguai e tava gostoso", disse, em referência a eventos fora da agenda.

Ao falar com os jornalistas, Bolsonaro aparentava bom humor. "Por enquanto, o Mourão aí continua vice, pode ter certeza."

Sem compromissos oficiais na agenda, o presidente deixou o Palácio do Planalto às 16h09 desta quarta, segundo informações da Secom (Secretaria de Comunicação Social), e seguiu para o Hospital da Força Aérea Brasileira —de onde saiu às 17h25.

Às 17h35, a Secom divulgou uma nota afirmando que Bolsonaro foi para uma consulta programada e confirmou que ele havia sido submetido a procedimentos, mas não deu detalhes. 

"O presidente Jair Bolsonaro foi ao Hospital da Força Aérea Brasileira (HFAB), nesta tarde, para consulta de rotina já programada, com a realização de exames também de rotina. O presidente apresenta boas condições de saúde, sem ressalvas. Agora, o presidente segue para o Alvorada", dizia o texto. 

Às 17h47 ele chegou ao Palácio da Alvorada e deu a outra versão: disse que foi submetido a um exame para averiguar a possibilidade de um câncer de pele. 

Bolsonaro disse estar bem e afirmou que sua agenda para os próximos dias está confirmada. 

"Tudo tranquilo. Vamos estar amanhã [quinta] em Tocantins e, à noite, no IME [Rio de Janeiro]. Tem formatura lá e nenhuma universidade me convidou para formatura. Eu gostaria de ser convidado para uma de humanas. Vocês acham que eu seria bem recebido ou não?", disse em tom de brincadeira. 

Após as declarações do presidente, a reportagem questionou a assessoria de imprensa sobre o estado de saúde de Bolsonaro e a previsão de divulgação dos resultados dos exames.

"O presidente apresenta boas condições de saúde. Demais informações sobre o estado de saúde do presidente serão transmitidas no momento oportuno."

A Secom informou ainda que as viagens presidenciais para Palmas e para o Rio de Janeiro estão mantidas. Na tarde de quinta-feira (12), Bolsonaro participa de um evento da Caixa Econômica Federal na capital do Tocantins. 

À noite, ele vai a uma formatura do IME (Instituto Militar de Engenharia) na capital fluminense e retorna a Brasília.

A saúde do presidente inspira cuidados desde que ele foi vítima de um ataque à faca, em 6 de setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG) .

O então presidenciável foi esfaqueado por Adélio Bispo de Oliveira, que está preso. Desde então, Bolsonaro já passou quatro cirurgias. 

A mais recente foi no dia 8 de setembro deste ano, quando ele foi submetido à retirada de uma hérnia que surgiu na região do abdome onde já haviam sido feitas três operações após o atentado.

Os cortes na barriga de Bolsonaro fragilizaram o músculo. Isso fez com que a porção do órgão e uma camada de gordura rompessem a membrana.​

A terceira cirurgia foi realizada em janeiro deste ano, logo após a assumir a Presidência. Foi quando ele tirou a bolsa de colostomia (usada para expelir fezes). 

Devido a um diagnóstico de pneumonia, Bolsonaro precisou passar mais tempo internado do que havia sido previsto inicialmente —foram 17 dias no Albert Einstein, em São Paulo. 

Em 2018, passou 23 dias no mesmo hospital, para onde foi transferido após atendimento emergencial na Santa Casa de Juiz de Fora. Durante a internação, houve duas cirurgias: uma para corrigir os danos causados pela facada, que atingiu o abdômen, e outra para a retirada de aderências que obstruíam o intestino delgado.

Entenda o câncer de pele

Doença é o tumor mais frequente no Brasil

O câncer de pele é provocado pelo crescimento anormal das células que compõem a pele e é mais frequente em adultos brancos

Pode aparecer em qualquer parte do corpo (tanto na pele como nas mucosas), na forma de manchas ou pintas. Em pessoas negras, o câncer é mais comum na palma da mão e na planta do pé

Fatores de risco

  • Ter pele e olhos claros, cabelos ruivos ou loiros
  • Ter história familiar de câncer de pele
  • Exposição prolongada e repetida ao sol sem proteção, especialmente na infância e na adolescência
  • Uso de câmeras de bronzeamento artificial

Detecção
É preciso ficar atento a feridas que não cicatrizam e sangram ocasionalmente e a mudanças em pintas e manchas da pele

Uma regra adotada internacionalmente aponta sinais de perigo para o câncer:

A: assimetria em pintas ou manchas (uma metade é diferente da outra)
B: bordas irregulares, com contorno mal definido
C: cor variável, com presença de várias cores em uma mesma mancha ou pinta (preta, castanha, branca, avermelhada, azul)
D: diâmetro maior que 6 milímetros
E: evolução nas características (aumento de tamanho, mudança de formato ou de cor, por exemplo)

Em casos positivos, é necessário procurar um médico para avaliação. Pessoas com muitos fatores de risco podem ser submetidas a exames periódicos para análise dos sinais

Há dois tipos de câncer de pele:

1. O câncer de pele não melanoma (o mais comum e menos agressivo)

Tem baixa letalidade e se encontra nas camadas superiores da pele. Pode ser curado mais facilmente em caso de detecção precoce. Normalmente surge em área mais expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas

2. O câncer de pele melanoma (mais raro e mais grave)

Tipo menos frequente --corresponde a apenas 3% dos tumores malignos de pele--, tem pior prognóstico e mais alto índice de mortalidade. As chances de cura, porém, são altas em caso de detecção precoce, quando o câncer está na camada mais superficial da pele. Em geral tem aparência de pinta ou sinal em tons escuros que se modificam e podem sangrar

Tratamento

O tratamento vai depender do tipo do câncer. Pode incluir cirurgia, quimioterapia e radioterapia. No caso do melanoma, novos medicamentos chamados imunoterápicos apresentam altas taxas de sucesso terapêutico mesmo em caso de metástase (espalhamento para outros órgãos)

Fontes: Sociedade Brasileira de Dermatologia e Inca (Instituto Nacional de Câncer)

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