Descrição de chapéu Eleições 2020

Em contraponto ao Congresso, Bolsonaro diz que dinheiro não define eleição

Congresso pretende quase dobrar valor do fundo eleitoral destinado a financiar campanhas de 2020

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Brasília

Em direção contrária ao Congresso, que discute a ampliação do fundo público eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (4) que uma disputa não é mais definida pelo total de recursos.

Em frente ao Palácio da Alvorada, onde cumprimentou um grupo de eleitores, ele afirmou que a vida pregressa e a imagem do candidato têm mais peso no voto do eleitor, com o aumento da tecnologia.

O presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

O Congresso Nacional pretende ampliar para R$ 3,8 bilhões o valor do fundo eleitoral destinado a financiar as campanhas municipais de 2020. O montante é quase o dobro do que havia sido indicado pelo governo.

"Eu acredito que, hoje em dia, com a tecnologia que nós temos, o dinheiro em si não vai fazer mais diferença. É mais a confiança que o eleitor tem em sua imagem e a análise da vida pregressa. Eu já vi deputado federal gastando R$ 15 milhões na campanha e não chegar", disse.

A elevação do montante foi apresentada pelo deputado federal Domingos Neto (PSD-CE), relator do Orçamento 2020, que precisa ser aprovado na CMO (Comissão Mista de Orçamento) e em plenário. A data limite é 22 de dezembro, e o texto já está na pauta para 17 de dezembro.

Caso seja aprovada, a medida precisa ser sancionada pelo presidente. Apesar de ter sinalizado posição contrária, o presidente não quis antecipar se sancionaria ou vetaria uma elevação do fundo eleitoral. "Geralmente, essas questões políticas é o Parlamento que decide. Não sei se vai ser aprovado [por ele]."

A verba para o fundo que financia a eleição é constituída por dotações orçamentárias da União em ano eleitoral, em valor ao menos equivalente a 30% dos recursos de emendas parlamentares de bancada. Em 2018, o fundo distribuiu R$ 1,7 bilhão aos candidatos. Havia pressão para que esse montante subisse a até R$ 3,7 bilhões no ano que vem.

No Palácio da Alvorada, o presidente também foi questionado sobre as eleições presidenciais de 2022.

Ele elogiou o desempenho no governo do ministro da Justiça, Sergio Moro, cotado para compor uma chapa à reeleição com ele, mas ressaltou que, por enquanto, está "casado" com o vice-presidente Hamilton Mourão.

"Não quero saber de política. É um saco a minha vida, cara. Eu chego em casa igual a um zumbi", disse. "Por enquanto, estou casado com Mourão. Sou sem amante."

Ele lembrou que Moro é neófito na política, mas que à frente do cargo de ministro tem aprendido a dialogar com o Legislativo, o que, na opinião de Bolsonaro, é essencial.

"Tem que conversar com o Parlamento. O Moro tá indo bem para caramba também na parte política", afirmou. "Moro está indo muito bem. Está aprendendo, está ficando um hábil político."

O presidente disse ainda que é necessário aguardar o encerramento da votação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para saber exatamente como funcionará a coleta de assinaturas digitais. A corte eleitoral ainda não definiu regras e prazos.

Ele observou que, se o processo não for complexo, será possível criar a Aliança pelo Brasil em um prazo de 30 dias, viabilizando sua participação nas eleições municipais de 2020. O partido tem quatro meses para ser constituído caso queira disputar.

O presidente ponderou, no entanto, que, caso a regra não seja adotada para 2020, obrigando a coleta de assinaturas impressas, não será possível criar a sigla a tempo.

"Se não for muito burocrático a assinatura pela internet, em menos de 30 dias a gente colhe as assinaturas. Se for no braço, a gente não vai conseguir formar um partido, isso com certeza. Não depende apenas de colher assinaturas, mas da conferência também."

​O presidente, depois de 20 minutos de entrevista sob chuva, elogiou os jornalistas presentes e citou a Folha, em tom de brincadeira. "Eu vou cumprimentar vocês. Vocês estão indo muito bem, nenhuma pergunta chata até agora. Assim, vou me apaixonando pela imprensa. Eu quero assinatura da Folha agora."

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