Descrição de chapéu Obituário Nilcea Freire (1953 - 2019)

Morre Nilcea Freire, ex-ministra e líder feminista

Médica e professora, ela foi reitora da Uerj e implantou o sistema de cotas

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São Paulo

A ex-ministra Nilcea Freire (Políticas para as Mulheres) morreu neste sábado (28), aos 66 anos, no Rio de Janeiro. Médica, professora, pesquisadora e ex-reitora da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), ela tinha câncer e recebia assistência médica em casa.

A morte foi confirmada pelo PT do Rio de Janeiro, que lamentou em nota a perda da militante feminista.

Nilcea foi ministra durante o governo Lula (de 2004 a 2010) e se tornou líder na área de políticas públicas para mulheres. Foi responsável pela realização da primeira Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que teve como um dos resultados o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

"Deixa uma lacuna na militância feminista brasileira", diz a nota divulgada pelo PT do Rio. 

Ministra Nilcea Freire fala na Comissão de Fiscalização e Controle Financeiro da Câmara sobre realização de pesquisa durante campanha
Ministra Nilcea Freire fala na Comissão de Fiscalização e Controle Financeiro da Câmara sobre realização de pesquisa durante campanha - Alan Marques / Folha imagem

Nilcea teve uma longa trajetória de ativismo social e feminismo. Foi, por exemplo, a primeira mulher reitora de uma universidade pública no estado do Rio de Janeiro. Ex-militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), foi ameaçada por órgãos de repressão durante a ditadura militar e viveu exilada no México de 1975 a 1977.  

Ao voltar ao Brasil, participou de movimentos pela redemocratização e começou a a atuar como professora do Departamento de Patologia e Laboratório da Uerj e, em paralelo à carreira acadêmica, representava os professores em diversos conselhos.

Durante sua gestão na reitoria (2000-2004) foi votado e implantado na Uerj, de forma pioneira, o sistema de cotas para estudantes egressos de escolas públicas e negros. O projeto foi intensamente debatido nos anos seguintes e acabou adotado em outras dezenas de universidades públicas.  

Também médica, a deputada federal Jandira Feghali (PC do B) lamentou a morte de Nilcea. 

"Sem palavras para a notícia da morte da querida Nilcea Freire. Triste demais saber que partiu tão cedo. Sempre fez parte das fileiras daqueles que não se acomodam com as injustiças do mundo. Foi ministra das Mulheres, ativista, sempre atuante na causa feminista. Muita falta!", escreveu nas redes sociais.

A deputada federal Benedita da Silva (PT) também lamentou a morte da ex-ministra, a quem chamou de "grande guerreira". O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) escreveu: "Uma grande mulher. Tristeza".

Em uma longa postagem nas redes sociais, a ativista feminista Manoela Miklos descreveu Nilcea como "uma mulher sem igual". As duas conviveram quando Nilcea representava a Fundação Ford no Brasil e Manoela implantava a Open Society Foundations no Rio.

"Ela era essa mulher genial, feminista, com uma longa história de lutas e conquistas, ministra que fez a agenda dos direitos das mulheres avançar um infinito", recorda a ativista.

Nilcea deixa dois filhos e três netas. 

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior desta reportagem se referiu incorretamente à ​Uerj como Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O nome correto é Universidade do Estado do Rio de Janeiro. O texto foi corrigido.

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