Em ano eleitoral, prefeito e governador travam batalha de inaugurações em Salvador

ACM Neto (DEM), à frente da prefeitura, e Rui Costa (PT), no Governo da Bahia, pretendem impulsionar candidaturas de aliados para 2020

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Salvador

Principais forças políticas em Salvador, o prefeito ACM Neto (DEM) e o governador Rui Costa (PT) travam uma batalha de inaugurações e assinaturas de ordem de serviço para cacifar seus respectivos grupos políticos para as eleições municipais deste ano.

Em seu último ano frente à prefeitura da capital baiana, Neto prevê inaugurar uma obra a cada dois dias. Com isso, pretende impulsionar a candidatura do vice-prefeito, Bruno Reis (DEM), que vai disputar a sucessão.

Adversário do prefeito, Rui Costa tem se ancorado em grandes obras viárias na capital. E aposta nelas para alavancar uma candidatura do PT, cujo nome ainda não foi definido.

Rui Costa e ACM Neto na Lavagem do Bonfim de 2019 - Tácio Moreira/Rádio Metrópole - 17.jan.2019

A disputa ganhou novos contornos nesta quinta-feira (23), Neto inaugurou aquele que será o cartão de visitas de seu segundo mandato: o novo Centro de Convenções de Salvador.

A obra sumariza a disputa: foi construída pela prefeitura para substituir o antigo Centro de Convenções da Bahia, que era gerido pelo governo do estado.

Erguido no fim dos anos 1970, o Centro de Convenções original foi interditado em 2015 após um desabamento parcial. Na época, o governador anunciou que demoliria o antigo equipamento e construiria um novo, em outro ponto da cidade.

Mas a prefeitura saiu na frente: concebeu o projeto de um novo centro de eventos em prazo recorde e o apresentou em outubro de 2017. Para o empreendimento, o prefeito escolheu um terreno em frente ao antigo centro desativado. Menos de um quilômetro separa os dois prédios.

“A prefeitura se cansou de ver essa novela que, infelizmente, não tinha uma solução apresentada, e resolveu chamar para si a responsabilidade de algo que não era dela”, afirmou ACM Neto ao anunciar o novo centro.

Com um investimento de R$ 130 milhões em recursos próprios da prefeitura, o novo equipamento terá capacidade para até 14 mil pessoas na área interna, podendo chegar a 20 mil pessoas com realização de eventos em sua área externa.

Mesmo com o novo equipamento já pronto, o governo do estado mantém os seus planos de erguer outro centro de convenções na cidade. “O nosso será maior”, afirmou no início deste mês o vice-governador João Leão (PP).

A batalha por obras se expande por outras áreas. Desde 2015, quando fortes chuvas deixaram 21 pessoas soterradas, prefeitura e governo passaram a construir contenções nas encostas na periferia da cidade.

Na área dos transportes, o governador expandiu o metrô, enquanto o prefeito está erguendo um sistema de vias expressas e corredores para ônibus no miolo da cidade.

Em geral, não há um diálogo ou planejamento conjunto entre governo e prefeitura. Cada qual projeta, licita e constrói suas próprias obras sem uma interlocução mais aprofundada entre as gestões estadual e municipal.

—​O resultado são críticas de parte a parte. A via expressa feita por Neto é alvejada por aliados de Costa por ligar duas regiões da cidade que já são atendidas pelo metrô mesmo que seguindo por outro trajeto.

Já aliados do prefeito veem como descabida a construção de mais um centro de convenções para a cidade e afirmam que o empreendimento municipal é capaz de absorver a demanda da cidade.

As inaugurações costumam acontecer em eventos com forte carga política. 

Para a abertura do Centro de Convenções nesta quinta-feira, Neto, que é presidente nacional do DEM, convidou as principais estrelas do partido: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ) —Maia, porém, não compareceu.

Na ocasião, o prefeito fez uma homenagem ao seu avô, o ex-governador Antonio Carlos Magalhães (1937-2007), que terá um busto no local e batizará o novo Centro de Convenções.

A homenagem chegou a ser contestada pela bancada da oposição na Câmara Municipal junto ao Ministério Público do Estado da Bahia.

Vereadores evocaram a lei municipal que veda que equipamentos públicos sejam batizados com o nome de pessoas que tenham “participado ou colaborado em golpes militares, atentados à democracia ou regime ditatoriais” —o então governador ACM apoiou o regime militar.

A representação, contudo, foi arquivada.

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