Senador pede quebra dos sigilos fiscais e telemáticos de testemunha que mentiu a CPMI

Pedido sobre Hans River foi feito à CPMI das Fake News e não tem prazo para ser analisado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) requereu a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático ligados a Hans River do Rio Nascimento. 

O pedido foi feito à CPMI das Fake News nesta terça-feira (18) e não tem prazo para ser analisado e votado no colegiado.

Ex-funcionário de empresa de disparos em massa, Hans Nascimento (à dir.) presta depoimento nesta terça (11) na CPMI das Fake News
Ex-funcionário de empresa de disparos em massa, Hans Nascimento (à dir.) presta depoimento nesta terça (11) na CPMI das Fake News - Jane de Araújo/Agência Senado

Hans é ex-funcionário da Yacows, agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp, e mentiu ao colegiado em depoimento à comissão na semana passada. Ele insinuou ainda que a repórter da Folha queria trocar informações por sexo. 

Em dezembro daquele ano, reportagem da Folha, baseada em documentos da Justiça do Trabalho e em relatos do depoente Hans, mostrou que uma rede de empresas, entre elas a Yacows, recorreu ao uso fraudulento de nome e CPFs de idosos para registrar chips de celular e garantir o disparo de lotes de mensagens em benefício de políticos. 

O Código Penal estipula que fazer afirmação falsa como testemunha em processo judicial ou inquérito é crime, com pena prevista de dois a quatro anos de reclusão, além de multa. Na condição de testemunha, Hans se comprometeu em falar a verdade à comissão. 

O regimento do Senado diz que a inquirição de testemunhas em CPIs segue o estabelecido na legislação processual penal.

Após o depoimento, a relatora da CPI, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), já havia pedido ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras, abertura de uma investigação contra River por falso testemunho no depoimento. 

No pedido, a deputada diz que Hans cita informações que, posteriormente, “viriam a se mostrar inconsistentes ou inverídicas”. 

Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro insultou, com insinuação sexual, a jornalista da Folha

"Olha a jornalista da Folha de S.Paulo. Tem mais um vídeo dela aí. Não vou falar aqui porque tem senhoras aqui do lado. Ela falando: 'Eu sou (...) do PT', certo? O depoimento do Hans River, foi final de 2018 para o Ministério Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele", diz o presidente, para em seguida, aos risos, fazer o insulto com insinuação sexual.

"Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim [risos dele e dos demais]. Lá em 2018 ele [Hans] já dizia que ele chegava e ia perguntando: 'O Bolsonaro pagou pra você divulgar pelo Whatsapp informações?' E outra, se você fez fake news contra o PT, menos com menos dá mais na matemática, se eu for mentir contra o PT, eu tô falando bem, porque o PT só fez besteira." 

"Tem um povo aqui em referência a um grupo de simpatizantes], alguém recebeu no zap uma matéria qualquer que suspeitou pra prejudicar o PT e me beneficiar? Ninguém recebeu nada. Não tem materialidade, zero, zero zero. Você não precisa mentir pra falar sobre o PT, os caras arrebentaram com Petrobras, fundo de pensões, BNDES..."

A Folha divulgou a seguinte nota sobre o insulto de Bolsonaro: "O presidente da República agride a repórter Patrícia Campos Mello e todo o jornalismo profissional com a sua atitude. Vilipendia também a dignidade, a honra e o decoro que a lei exige do exercício da Presidência".

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.