Bolsonaro usa saída alternativa e ignora apoiadores e repórteres no Alvorada

Em live desta quinta (5), o presidente disse que não falaria com a imprensa enquanto ela "não divulgar a verdade"

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Um dia depois de ter criticado o fato de a imprensa o esperar todas as manhãs no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou nesta sexta-feira (6) uma saída alternativa para deixar a residência oficial e não parou para cumprimentar apoiadores ou para dar declarações a jornalistas.

A atitude do presidente nesta manhã diverge do que ele tem feito —com raras exceções— desde meados do ano passado: parar para saudar seus seguidores no Alvorada. Na maioria das vezes desde que começou com essa rotina, ele também aproveita a ocasião para responder perguntas, dar declarações a jornalistas ou criticar o trabalho da imprensa.

Nesta sexta, no entanto, o comboio presidencial nem sequer saiu pela porta principal do palácio, onde um pequeno grupo de seguidores esperava o presidente. Eram seis simpatizantes, que aguardavam numa marquise para se abrigar da chuva.

O presidente Jair Bolsonaro durante solenidade de posse do novo ministro do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho, que substitui Gustavo Canuto, que vai para o DATAPREV - Pedro Ladeira - 11.fev.2020/Folhapress

Bolsonaro​ tinha uma primeira agenda no Palácio do Planalto com o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde), mas até o horário da audiência os repórteres que estavam no Alvorada ainda não tinham sido informados pela assessoria do governo se o mandatário permanecia ou não na residência.

Ele usou um acesso lateral para sair da propriedade, longe da vista do público, e os jornalistas que o aguardavam foram enfim informados de que Bolsonaro já se encontrava no Planalto. Alguns simpatizantes do presidente foram avisados por repórteres que o mandatário não estava mais no Alvorada.

Na quinta-feira (5), em sua live nas redes sociais, Bolsonaro disse que não vai mais falar com a imprensa enquanto esta, segundo ele, "não divulgar a verdade".

"Você tá cansado de ver por aqui a imprensa dizendo que eu ataco a imprensa todo dia. Vamos supor que você vai trabalhar e passa num local, né, e todo dia é assaltado. O que você faz? Você pega outro caminho, não vai ficar sendo assaltado, apanhando no mesmo lugar. Se a imprensa diz que eu ofendo todo dia, o que estão fazendo todo dia ali (Alvorada)? Enquanto não começar a divulgar a verdade, não vamos mais falar com a imprensa, pode esquecer", disse.

Mais cedo na quinta, Bolsonaro demonstrou irritação pelo fato de os jornais terem reportado que, na quarta (4), ele fez piada ao lado de um humorista com o resultado do PIB (Produto Interno Bruto), divulgado naquele dia pelo IBGE.

"Parabéns à imprensa. Fiz piada com o PIB, parabéns aí, valeu. Continuem agindo assim", disse o presidente a seus apoiadores, pouco depois de deixar o Alvorada.

Conforme divulgado na quarta pelo IBGE, o PIB do Brasil cresceu 1,1% em 2019. O resultado é menos da metade do projetado inicialmente pelos economistas. Em dezembro de 2018, às vésperas da posse de Bolsonaro, analistas do mercado financeiro renovaram a aposta na retomada e projetaram crescimento de 2,55%.

"Quando vocês aprenderem a fazer jornalismo, eu converso com vocês. Se vocês sofrem ataque todo dia, o que vocês estão fazendo aqui [na entrada do Alvorada]? O espaço é público, mas o que vocês estão fazendo aqui? O dia que vocês se conscientizarem que vocês são importantes fazendo matérias verdadeiras, o Brasil muda", acrescentou, dirigindo-se aos jornalistas.

No fim do desta sexta, contudo, o presidente retornou ao Alvorada, desceu do carro para tirar fotos com apoiadores e conversou de maneira serena com a imprensa por cerca de cinco minutos.

"Vamos voltar a namorar?", afirmou Bolsonaro, se dirigindo ao grupo de jornalistas que estava no local.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.