Para Maia e Alcolumbre, Bolsonaro faz pouco caso de pandemia e é inconsequente

Presidentes da Câmara e do Senado apontaram descaso com economia e afronta à democracia

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Brasília

Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), condenaram a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro, na manifestação a favor de seu governo e contra os demais Poderes, neste domingo (15), em Brasília.

Para Maia, Bolsonaro fez pouco caso da pandemia de coronavírus, desrespeitando orientações do Ministério da Saúde de seu próprio governo e cometeu um atentado à saúde pública.

Alcolumbre chamou de inconsequente o ato de estimular a aglomeração de pessoas nas ruas.

Ignorando orientações dadas por ele mesmo na semana passada, o presidente da República incentivou os atos desde cedo em suas redes sociais —foram 31 postagens sobre o tema até as 17h. Sem máscara, participou das manifestações em Brasília, tocando simpatizantes e manuseando o celular de alguns apoiadores para fazer selfies.

Bolsonaro também contrariou orientação da equipe médica da presidência. Ele havia sido aconselhado evitar locais com aglomeração.

Bolsonaro cumprimenta apoiadores que foram a manifestação pró-governo diante do Palácio do Planalto, neste domingo (15)
Bolsonaro cumprimenta apoiadores que foram a manifestação pró-governo diante do Palácio do Planalto, neste domingo (15) - Sérgio Lima/AFP

"O mundo está passando por uma crise sem precedentes. O Banco Central americano e o da Nova Zelândia acabam de baixar os juros; na Alemanha e na Espanha, os governos decretam o fechamento das fronteiras. Há um esforço global para conter o vírus e a crise. Por aqui, o presidente da República ignora e desautoriza o seu ministro da Saúde e os técnicos do ministério, fazendo pouco caso da pandemia e encorajando as pessoas a sair às ruas", afirmou Maia em nota divulgada na noite deste domingo.

"Isso é um atentado à saúde pública que contraria as orientações do seu próprio governo", continuou o presidente da Câmara

Rodrigo Maia, que em entrevista à Folha já havia cobrado medidas de impacto imediato ao ministro Paulo Guedes (Economia), voltou a criticar a reação do governo para conter o derretimento da economia.

"A economia mundial desacelera rapidamente; a economia brasileira sofrerá as consequências diretas. O presidente da República deveria estar no Palácio coordenando um gabinete de crise para dar respostas e soluções para o país. Mas, pelo visto, ele está mais preocupado em assistir as manifestações que atentam contra as instituições e a saúde da população. A situação é preocupante e exige de todos nós serenidade, racionalidade, união de esforços e respeito. Somos maduros o suficiente para agir com o bom senso que o momento pede", disse Rodrigo Maia.

Em nota, Davi Alcolumbre cobrou maturidade.

"É hora de amadurecermos como Nação. Com a pandemia do coronavírus fechando as fronteiras dos países e assustando o mundo, é inconsequente estimular a aglomeração de pessoas nas ruas", afirmou o presidente do Senado.

"A gravidade da pandemia exige de todos os brasileiros, e inclusive do presidente da República, responsabilidade! Todos nós devemos seguir à risca as orientações do Ministério da Saúde", continuou. Para o senador, "convidar para ato contra os Poderes é confrontar a democracia".

"É tempo de trabalharmos iniciativas políticas que, de fato, promovam o reaquecimento da economia, criem ambiente competitivo para o setor privado e, sobretudo, gerem bem-estar, emprego e renda para os brasileiros.​"

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