Ida de Bolsonaro a ato em meio a pandemia de coronavírus é irresponsável, dizem parlamentares

Presidente, que apertou a mão de pessoas diante do Planalto, fará novo teste para saber se está contaminado

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Brasília

Parlamentares de diferentes partidos consideraram uma irresponsabilidade a ida do presidente Jair Bolsonaro à manifestação contra o Congresso e o STF (Supremo Tribunal Federal) em Brasília, neste domingo (15), em meio à pandemia de coronavírus.

Ignorando orientações dadas por ele mesmo na semana passada, o presidente da República incentivou os atos desde cedo em suas redes sociais —foram 31 postagens sobre o tema até as 17h. Sem máscara, participou das manifestações em Brasília, tocando simpatizantes e manuseando o celular de alguns apoiadores para fazer selfies.

Bolsonaro também contrariou orientação da equipe médica da presidência. Ele havia sido aconselhado a evitar locais com aglomeração.

O presidente Jair Bolsonaro, com camisa branca com detalhes em azul da CBF, toca as mãos de pessoas aglomeradas para vê-lo diante do Palácio do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, durante manifestação pró-governo - Sergio Lima/AFP

O presidente realizou o teste do coronavírus após saber que o chefe da Secom, Fabio Wajngarten, foi contaminado pela Covid-19. O resultado deu negativo para o presidente, mas a expectativa é que ele faça dois novos exames, seguindo parte do protocolo da Operação Regresso, que trouxe 34 brasileiros que estavam em Wuhan, na China.

Dados atualizados neste domingo pelo Ministério da Saúde indicam que o país tem 176 casos confirmados e outros 1.915 suspeitos.

"Ele está com suspeita [de ter contraído a Covid-19] e está pegando a mão das pessoas. É fora de qualquer limite de respeito à população que é vulnerável. Ele está fazendo uma coisa de alto risco e estimulando outras pessoas a fazer o mesmo. O exemplo que ele deu hoje é muito ruim. É total irresponsabilidade", afirmou o líder do PSD, senador Otto Alencar (BA), que também é médico.

O presidente da CPMI das fake news, senador Angelo Coronel (PSD-BA), considerou a situação "um absurdo".

"Ele tem que manter a liturgia do cargo, não participar de atos desta natureza", afirmou o senador, que também condenou o simbolismo político da manifestação.

"Ele quer o confronto, quer colocar o Executivo contra o Legislativo e o Judiciário e botar o povo como escudo dele. É uma irresponsabilidade que não tem tamanho", afirmou.

A presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), disse que deixaria "a fotografia e a história falarem por si".

Para o deputado Marcelo Ramos (PL-AM), a participação de Bolsonaro no ato em Brasília "deixa claro que ele não tem nenhuma responsabilidade com a agenda econômica do país".

"Se tivesse, estaria procurando unir o povo em torno dela e não dividi-lo em torno de pautas antidemocráticas e secundárias."

"Ele se entrincheira no seu gueto de radicais, que é cada vez menor, já que ninguém com o mínimo de bom senso pode continuar acreditando nisso como um caminho razoável para o desenvolvimento e o futuro do país", disse Ramos.

Pelo aspecto da saúde pública, ele disse que o comportamento de Bolsonaro foi "uma irresponsabilidade completa que desmoraliza as preocupações do ministro da Saúde​".

Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não haviam se manifestado até o início da noite.

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