Nas redes sociais, direita ensaia discurso de golpe contra Bolsonaro

Bolsonaristas se queixaram de apropriação de panelaço, símbolo do impeachment de Dilma, em protesto contra o presidente

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São Paulo

Na versão virtual da guerra das panelas, a direita bolsonarista deu os primeiros passos para denunciar um suposto golpe contra o presidente, num discurso que lembrou o do PT durante o impeachment de Dilma Rousseff.

Muitos utilizaram a hashtag #respeitem57milhoesdeeleitores, em referência ao total de votos que Jair Bolsonaro teve no segundo turno em 2018.

"Bolsonaro foi eleito democraticamente e tem consigo uma grande nação que trabalha pelo bem do país e não mede esforços para defendê-lo", tuitou, por exemplo, o Jornal da Cidade Online, uma das vozes mais potentes nas redes bolsonaristas.

Panelaço no centro de São Paulo contra Bolsonaro - Gabriel Cabral/Folhapress

Carmelo Neto, ativista conservador e membro suplente do Conselho Nacional da Juventude, ligado ao Ministério dos Direitos Humanos, denunciou a tentativa da esquerda de pedir o impeachment do presidente.

"Já que estamos todos em casa de quarentena, não custa nada bater panela em apoio ao governo e repúdio à esquerda nojenta, que quer 'impchimar 'Jair Bolsonaro", escreveu.

Outros iam além, pedindo #Bolsonaroaté2026, já prevendo sua reeleição em 2022.

Em geral, os apoiadores do presidentes mostraram-se incomodados por perder o monopólio sobre o uso dos utensílios culinários como instrumento de protesto.

Em postagens no Twitter, que usavam a hashtag #PanelacoContraAEsquerda, bolsonaristas famosos e anônimos cobravam de seus pares que não deixassem o panelaço ser apropriado pelo campo inimigo.

"Nós fazemos um bom panelaço. Somos nós que sabemos mexer com as panelas", disse a apresentadora de um vídeo do grupo Avança Brasil, convocando para a manifestação.

Houve grande preocupação com a presença de penetras da esquerda na hashtag do panelaço bolsonarista.

"A esquerda vai copiar e colar cada passo que demos pra tirar a Dilma do poder, escutem o que estou dizendo. Por isso não podemos cessar fogo", escreveu a militante conservadora Sara Winter.

Por volta de 21h10, curtos vídeos de até 1 minuto de duração começaram a ser publicado no Twitter, mostrando manifestações em defesa do presidente. Em comum, sons de panela e luzes de apartamentos piscando.

Mas alguns opositores se infiltraram, como temido pelos apoiadores do presidente, e publicaram vídeos em que havia apenas silêncio e escuridão.

Críticas à imprensa, sobretudo à Rede Globo, e a esquerdistas em geral foram uma constante na reação dos bolsonaristas nas redes sociais.

Expoente da tropa de choque do governo, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) deu uma espécie de tiro de largada para a manifestação virtual por volta de 20h15, no auge do panelaço esquerdista, publicando um vídeo com o hino nacional sendo tocado de uma sacada no bairro da Aclimação, área nobre de São Paulo. Um homem grita "mortadela!", apelido pejorativo para a esquerda.

Por volta das 21h30, uma relativa calma voltou às redes sociais da direita, pouco depois de as sacadas pelo país também silenciarem.

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