Bolsonarista e PT se aproximam, e governador do AM vira alvo de processo de impeachment

Wilson Lima (PSC) terá de se defender na Assembleia em meio ao colapso na saúde devido à pandemia do coronavírus

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Manaus

Em meio ao colapso na saúde devido à pandemia do novo coronavírus, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), terá de se defender de um processo de impeachment na Assembleia Legislativa do estado.

O início do processo foi anunciado nesta quinta-feira (30) pelo presidente da Casa, Josué Neto (PRTB), responsável pela organização no Amazonas do Aliança pelo Brasil, novo partido que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar.

Segundo a Folha apurou, o afastamento também conta com o apoio do deputado estadual Sinesio Campos, presidente estadual do PT e único representante do partido na Assembleia.

Wilson Lima, governador do Amazonas
Wilson Lima, governador do Amazonas - Reprodução/Facebook Wilson Lima

"Agora, o futuro do Amazonas está nas mãos dos deputados estaduais e do povo do Amazonas”, escreveu Josué Neto, em sua conta no Twitter.

O pedido de impeachment, que inclui o vice Carlos Almeida, é de autoria do Sindicato dos Médicos do Amazonas. A entidade alega má gestão da saúde e acusa o governo de crimes de responsabilidade e improbidade.

Agora, o processo vai para análise da Comissão de Constituição de Justiça antes de seguir ao plenário.

O Amazonas tem a maior taxa de incidência do país e está com o sistema de saúde colapsado. São 5.254 casos confirmados e 425 mortes —45 óbitos nas últimas 24 horas.

Em 22 de abril, Josué Neto, o parlamentar petista e outros 11 deputados estaduais já haviam aprovado um pedido de intervenção federal na saúde. O governo Bolsonaro, no entanto, descartou a medida no mesmo dia.

A favor do isolamento social, Lima tem sido alvo de protestos de bolsonaristas. O mais recente ocorreu no dia 20 de abril, quando dezenas de manifestantes vestidos de verde e amarelo se reuniram diante do Comando Militar da Amazônia (CMA) pedindo uma intervenção militar no estado.

Sem experiência prévia em política, Lima, 43, ganhou fama no estado como apresentador de um programa de TV focado em notícias policiais e de bairro. Elegeu-se em 2018 junto com a onda Bolsonaro, a quem declarou apoio na época.

Na polêmica entre Bolsonaro e governadores em torno da estratégia contra o coronavírus, Lima vem defendendo o isolamento social. Por outro lado, ele se recusou a assinar a carta de 20 governadores em apoio ao Congresso contra ataques do presidente, publicada em 19 de abril.

Já durante a crise da pandemia, Lima trocou de secretário de Saúde. Quem comanda agora é Simone Papaiz. Sem experiência no estado, ela comandava a Secretaria de Saúde de Bertioga, no litoral de São Paulo. Recentemente, ela contraiu a doença.

A mudança não é o único questionamento contra a gestão Lima. O governador também tem sido criticado pelo aluguel de um hospital particular para tratar de pacientes da Covid-19, a um custo de R$ 2,6 milhões por três meses.

Na segunda-feira (27), enfermeiros fizeram um protesto diante do hospital estadual 28 de Agosto, o maior do Amazonas, por causa da falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).

Recentemente, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu um inquérito para investigar a compra de 24 respiradores comprados de adega de vinhos de Manaus —transação revelada pelo site Amazones.

Este é o segundo pedido de impeachment contra o governador do Amazonas. O primeiro foi apresentado em janeiro após o aumento na morte de crianças cardiopatas em hospitais estaduais, mas o processo foi arquivado à época.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de Lima, que não respondeu até a conclusão deste texto.

O governador tem refutado as denúncias de irregularidades e afirma a troca de secretário estava sendo preparada desde antes do início da pandemia.

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