Em resposta a reportagem publicada pela Folha nesta terça-feira (12), a União de Mulheres Advogadas (UMA) e a Rede Feminista de Juristas publicaram uma nota na qual criticam o texto por não ter abordado a perspectiva das mulheres ao tratar dos impactos da pandemia no Judiciário.
Com o título "Em casa, procuradores, ministros e advogados conciliam processos com filhos e lives", a reportagem traz quatro homens como entrevistados: um ministro do STJ, um advogado, um juiz federal e um procurador da República.
Dentre as 346 signatárias da nota, estão, além dos dois coletivos, a Comissão da Mulher Advogada da OAB/SP e o Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital - Gênero da USP.
A nota afirma que o jornal "não pode tratar a questão seríssima da adaptação das carreiras jurídicas às novas realidades sem considerar a questão feminina. Não pode reforçar, em hipótese alguma, a ausência de equidade de gêneros e ignorar as dificuldades, econômicas inclusive, das mulheres neste momento tão sensível".
As signatárias apontam ainda que a reportagem naturaliza a exclusão das mulheres das carreiras jurídicas e reforça o estereótipo de que o pai teria "méritos extraordinários" ao efetivamente cuidar de seus filhos.
"Se estes profissionais tão bem sucedidos estão exercendo de modo tranquilo e produtivo seu trabalho em casa é porque certamente contam com o apoio irrestrito de mulheres que, por sua vez, não têm o mesmo privilégio de desenvolver exitosamente suas produções intelectuais, já que estão às voltas com os cuidados do lar, educação domiciliar dos filhos e todas as diversas demandas extras que a pandemia trouxe", diz outro trecho da nota.
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