Ombudsman da Folha tem o mandato renovado por mais um ano

Jornalista Flavia Lima, que assumiu o posto de representante dos leitores em 2019, ficará até 2021

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São Paulo

A jornalista Flavia Lima, 45, teve seu mandato de ombudsman da Folha renovado por um ano. O segundo período dela no cargo se estenderá até maio de 2021. Flavia é o 13º profissional —sendo a sexta mulher— a ocupar o posto, criado pela Folha há 30 anos.

Entre as incumbências da função estão a produção de uma coluna semanal, publicada aos domingos em Poder, e uma crítica interna de segunda a sexta-feira, que é distribuída aos jornalistas. Ela também encaminha à Redação queixas e comentários de leitores e de personagens do noticiário.

"Estou me tornando especialista em ler todo tipo de comentário. No Painel do Leitor, no site, nas colunas e nas redes sociais", diz Flavia. "Queria que o leitor soubesse que, dessas manifestações, saíram críticas importantes. E que muitas delas foram consideradas pelo jornal."

A ombudsman da Folha, Flavia Lima, 45, que teve seu mandato renovado por mais um ano
A ombudsman da Folha, Flavia Lima, 45, que teve seu mandato renovado por mais um ano - Gabriel Cabral/Folhapress

A jornalista afirma que se surpreendeu com a disposição da Redação em ouvir os leitores e dar respostas. Segundo ela, muitas mensagens resultaram em correções de informações, mudanças de abordagem e soluções de problemas técnicos.

Desde o início de sua gestão, em maio de 2019, a ombudsman recebeu 3.603 mensagens (85% delas de homens), uma média de 300 por mês. A grande maioria (99,08%) chegou por email, mas também houve 25 telefonemas e 8 cartas.

"Entre as frustrações, sinto que a Folha ainda tem alguma dificuldade em estabelecer um diálogo franco com o leitor quando hesita em tomar decisões simples, como informá-lo qual é, afinal de contas, a periodicidade da revista sãopaulo", exemplifica.

Das 46 colunas dominicais que publicou, as de maior repercussão trataram da relação do jornalismo com a Lava Jato e com as mensagens de membros da operação obtidas pelo site The Intercept Brasil.

"Destaco também algumas colunas que me foram muito caras, nas quais abordei como nós, pretos e pardos, e as periferias somos retratados pela Folha e pela mídia em geral", diz. Ela defende que a imprensa ajude a superar a normalização do quadro de desigualdades raciais.

Flavia afirma ainda discordar do que considera politização inadequada de alguns temas. "É algo que dá clique, mas confunde e empobrece a discussão, como acho que o jornal fez, de certa forma, com a cloroquina."

A pandemia do coronavírus, na visão da ombudsman, reforçou um "ambiente de revalorização da informação de qualidade", mas pode acarretar perdas importantes para a imprensa, com queda de receita e cortes de profissionais.

"Nunca me pareceu tão importante explicar que a imprensa tem um papel central de fiscalizar o poder", segue Flavia, em referência aos ataques proferidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), por outras autoridades e até mesmo leitores.

Ela diz que fica apreensiva com as ameaças e as acusações de produção de fake news, mas espera que a imprensa como um todo saia fortalecida desse processo. "A cobertura não pode se acovardar."

Flavia assumiu a cadeira após 19 anos como repórter de economia. Formada em direito pelo Mackenzie e ciências sociais pela USP, a paulistana atuou por dois anos na editoria Mercado, na Folha, até virar ombudsman. Antes trabalhou em veículos como o jornal Valor Econômico e a revista Dinheiro.

A Folha foi o primeiro jornal brasileiro a ter um ombudsman, em 1989. Para garantir a independência do ocupante da função, seu mandato é de um ano e pode ser renovado. Ele não pode ser demitido.

Ombudsman é uma palavra sueca que pode ser traduzida como "representante do cidadão" e começou a ser usada para designar representantes dos leitores dentro de jornais americanos na década de 1960.

Antes de Flavia, atuaram como representantes dos leitores Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos, Junia Nogueira de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo Prete, Bernardo Ajzenberg, Marcelo Beraba, Mário Magalhães, Carlos Eduardo Lins da Silva, Suzana Singer, Vera Guimarães e Paula Cesarino Costa.

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