Servidora do governo, apoiadora de Bolsonaro diz que bandeirada em jornalista foi acidente

Repórter registrou boletim de ocorrência após agressão em manifestação em Brasília

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Brasília

​Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, a servidora Angela Telma Alves Berger afirmou à Folha que não quis agredir a jornalista Clarissa Oliveira, da Band, com uma bandeirada na manifestação deste domingo (17) em frente ao Palácio do Planalto.

A servidora Angela Telma Alves Berger, que agrediu jornalista da Band com uma bandeirada durante manifestação
A servidora Angela Telma Alves Berger, que agrediu jornalista da Band com uma bandeirada durante manifestação - Renato Onofre/Folhapress

"A bandeirada na repórter foi um acidente. Eu estava olhando os paraquedistas e me descuidei... Acontece, né? Já levei tantas bandeiradas. Quebraram até meu óculos. Porém, entendo que foi um acidente", disse à reportagem.

Angela Berger é servidora da Enap (Escola Nacional de Administração Pública), vinculada ao Ministério da Economia, e ingressou no serviço público em 1986, de acordo com dados do portal da transparência.

Ela agrediu a repórter da Band na cabeça com o mastro de uma bandeira do Brasil durante o ato deste domingo, que teve a presença de Bolsonaro.

Repórter da Band antes de ser atingida pelo mastro da bandeira. É possível ver a manifestante ao fundo à direita
Repórter da Band antes de ser atingida pelo mastro da bandeira. É possível ver a manifestante ao fundo à direita - Renato Onofre/Folhapress

A jornalista aguardava para gravar quando foi atingida pela bandeira. De acordo com Clarissa, outros manifestantes a socorreram após o episódio.

No boletim de ocorrência registrado no domingo, a repórter relatou que a manifestante, com uma bandeira do Brasil na mão, "vinha andando, xingando, gritando com todos". De acordo com ela, "sem mais nem menos ela chegou perto e bateu com o pau da bandeira".

Ainda de acordo com Clarissa, a agressora riu, falou que "foi sem querer" e continuou andando.

A Folha presenciou a exaltação da agressora contra a imprensa em dois momentos antes da agressão. A todo momento ela gritava "Globo lixo" e "jornalistas lixos".

A segurança do Planalto chegou a pedir para que manifestantes acalmassem a agressora, que deixou o local do ato, mas voltou para o local até a chegada de Bolsonaro.

Angela justificou a exaltação à Folha. "Tô com medo de ser escrava de chinês. Tenho medo do comunismo nos dominar. Muito medo", afirmou.

"Vejo notícias que estão vendendo as riquezas do Brasil. Que vem um bando de chinês em setembro comprar tudo. Eu estou com medo. Fico em pânico. Ando depressiva. Nervosa. Nervos a flor da pele", disse. "Eu quero que esses chineses comunistas saiam do Brasil."

Em nota, a Band chamou a agressão de "prova de desrespeito ao trabalho da imprensa" e diz que "exige que haja punição exemplar a esse ato inaceitável de selvageria".

"A agressão à nossa repórter, Clarissa Oliveira, durante manifestação em frente ao Palácio do Planalto, ofende a liberdade de imprensa e a todos os jornalistas."

Procurada, a Enap não se manifestou sobre o caso até a publicação deste texto.

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