Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

De cloroquina a uso da Força Nacional, veja episódios em que Bolsonaro imitou Trump

Presidente ameaçou usar a Força Nacional em protestos uma semana depois de o americano sugerir o mesmo

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São Paulo

No dia 29 de maio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou pela primeira vez usar o Exército para conter os protestos contra o racismo no país. Uma semana foi o tempo para Jair Bolsonaro recorrer ao mesmo discurso.

Nesta sexta-feira (5), Bolsonaro sugeriu o uso da Força Nacional em atos contra o governo. Ele ainda pediu que seus apoiadores não saiam às ruas no mesmo dia para que as forças de segurança "façam seu devido trabalho porventura estes marginais extrapolem os limites da lei".

O comportamento do presidente segue esse padrão. No dia 31 de maio, bastaram alguns minutos para Bolsonaro adaptar ao Brasil uma declaração do presidente americano.

Nesse dia, Trump havia publicado em sua conta do Twitter que os Estados Unidos iriam classificar os chamados "antifas" como uma organização terrorista. Bolsonaro republicou a mensagem, com fotos dos protestos de domingo contrários e favoráveis ao seu governo.

Veja abaixo outros casos semlhantes.

Uso da Guarda Nacional

Quando os protestos contra o racismo nos Estados Unidos chegavam a seu sétimo dia, na segunda (1º), Trump afirmou que iria mandar "milhares e milhares" de homens do Exército para conter as manifestações. "Meu primeiro dever é defender o país", afirmou o republicano.

Os atos tiveram início após George Floyd, um homem negro de 46 anos, ser morto em 25 de maio por um policial. O agente de segurança pressionou o pescoço de Floyd com o joelho por quase nove minutos.

Por aqui, Bolsonaro afirmou, nesta sexta, que as polícias militares devem fazer "seu devido trabalho" e sugeriu o uso da Força Nacional em atos contra o governo. A fala aconteceu na inauguração de um hospital de campanha para pacientes do novo coronavírus na cidade de Águas Lindas de Goiás, a 57 km de Brasília.

Ele pediu ainda que manifestantes a favor do governo não comparecessem. "O outro lado, que luta por democracia, que quer o governo funcionando, quer um Brasil melhor e preza por sua liberdade, que não compareçam às ruas nestes dias para que as forças de segurança, não só estaduais, bem como a nossa, federal, façam seu devido trabalho porventura estes marginais extrapolem os limites da lei."

Cloroquina

No Brasil, o remédio foi pivô da queda de dois ministros da Saúde em meio à pandemia, que não aceitaram ampliar o seu uso para pacientes com quadros leves da Covid-19 —Luiz Henrique Mandetta, em abril, e Nelson Teich, em maio. Não há evidências científicas de que a cloroquina seja eficiente no tratamento contra o novo coronavírus.

Apesar disso, Trump era outro entusiasta do medicamento. Ele afirmou, em meados de maio, que estava tomando doses para evitar a doença. "Tenho tomado [o medicamento] desde a última semana e meia. Uma pílula por dia", afirmou Trump a repórteres.

No fim de maio, os Estados Unidos anunciaram o envio ao Brasil de dois milhões de doses de hidroxicloroquina. O anúncio aconteceu poucos dias depois de a OMS (Organização Mundial de Saúde) suspender os testes da substância para pacientes com coronavírus por causa dos riscos e da falta de segurança sobre a eficácia do remédio.

Saída da OMS

Nesta sexta, Bolsonaro afirmou, na frente do Palácio da Alvorada, que estuda sair da OMS.

“Adianto aqui: os EUA saíram da OMS, a gente estuda no futuro. Ou a OMS trabalha sem o viés ideológico ou a gente está fora também. Não precisamos de gente lá de fora dar palpite na saúde aqui dentro”, disse. “Ou a OMS realmente deixa de ser uma organização política e partidária ou nós estudamos sair de lá.”

Como ele mesmo falou, os Estados Unidos começaram a cortar relações com o organização no final de maio. "Como eles não fizeram as reformas solicitadas e muito necessárias, encerraremos nosso relacionamento com a OMS e redirecionaremos esses fundos para outras necessidades de saúde pública mundial urgentes e globais", disse o presidente Donald Trump a jornalistas, em Washington.

Antifascistas

No dia 31 de maio, sexto dia de protestos contra o racismo nos Estados Unidos, Trump afirmou pelo Twitter que pretendia classificar antifascistas como uma organização terrorista.

Bolsonaro republicou a postagem junto com uma imagem dos protestos na avenida Paulista, em São Paulo, onde uma manifestação a favor da democracia, segundo os participantes, terminou em confronto com a polícia.

Desde então, Bolsonaro vem tachando os manifestantes da oposição da mesma forma que o presidente americano.

"Começou aqui com os antifas em campo. O motivo, no meu entender, político, diferente [daquele dos protestos nos EUA]. São marginais, no meu entender, terroristas. Têm ameaçado, domingo, fazer movimentos pelo Brasil, em especial, aqui no DF", afirmou.

Em transmissão ao vivo nesta quinta-feira (4), voltou a falar das manifestações. "Na verdade, são terroristas. Lamentamos não conseguir tipificar como terrorismo suas ações no passado porque isso veio da época do governo Dilma e botaram uma vírgula dizendo que exceto os grupos sociais", afirmou.

Coronavírus

Desde o inídio da pandemia, Trump já se referiu ao coronavírus como "vírus chinês" ou “vírus de Wuhan”, a cidade no país que foi o epicentro inicial da epidemia. Em abril, ele afirmou que a China poderia ter contido a propagação e que seu governo estava realizando investigações sobre o caso.

No Brasil, Bolsonaro não chegou a tanto, mas seu filho, o deputado federal Eduardo (PSL-SP), criou um mal estar entre os dois países ao comparar a pandemia do coronavírus ao acidente nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986.

As autoridades, à época submetidas a Moscou, ocultaram a dimensão dos danos e adotaram medidas de emergência que custaram milhares de vidas. "A culpa é da China e liberdade seria a solução", escreveu em seu Twitter.

Pela mesma rede social, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, escreveu que a afirmação do deputado era "um insulto maléfico contra a China".

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