Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Heleno nega 'embaraços' para troca da segurança no Rio, em versão que conflita com a de Bolsonaro

Ministro do GSI afirma à PF que presidente nunca enfrentou problemas para substituir segurança pessoal

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Brasília

Em manifestação encaminhada à Polícia Federal no último dia 27, o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, assegura que o presidente Jair Bolsonaro não teve “óbices ou embaraços” em 2019 e em 2020 para mexer na equipe que faz sua segurança pessoal.

A afirmação vai na contramão daquilo que Bolsonaro diz ter sido o motivo de sua reação na reunião ministerial de 22 de abril, quando ameaçou interferir em órgãos de inteligência e disse que já tentou “trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente” e não conseguiu.

Na ocasião, Bolsonaro ressaltou, sem dar detalhes, que essa dificuldade teria acabado e que, dali em diante, trocaria até o ministro para implementar as mudanças que desejava caso fosse necessário.

“Eu não vou esperar foder minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura”, disse o presidente na ocasião.

O ministro chefe do GSI General Augusto Heleno durante pronunciamento à imprensa no Palácio do Planalto para falar sobre as medidas de combate ao coronavírus - Pedro Ladeira - 1º.abr.2020/Folhapress

À PF, porém, Heleno destacou que trocas foram realizadas sem problemas.

O ministro citou as substituições que já ocorreram na segurança de Bolsonaro e respondeu pedido da polícia sobre "detalhamento de eventuais óbices ou embaraços a nomes escolhidos para atuação na segurança pessoal do presidente da República ou de seus familiares nos anos de 2019 e 2020".

Segundo ele, por se tratar de militares da ativa, as substituições nas equipes de segurança de Bolsonaro em Brasília e no Rio “foram decorrentes de processos administrativos internos do Exército Brasileiro".

Integrantes da PGR (Procuradoria-Geral da República) que acompanham a investigação, porém, acreditam que a afirmação de Bolsonaro estaria voltada para a superintendência da PF no Rio, e não para a segurança dele e de sua família.

Ao menos desde agosto do ano passado o presidente quer trocar o comando da corporação no Rio de Janeiro. No dia 15 daquele mês, o presidente anunciou na saída do Palácio da Alvorada que iria substituir Ricardo Saadi da chefia da superintendência da PF no Rio.

Ele anunciou que o chefe da unidade no Amazonas, Alexandre Saraiva, seria o substituto, mas, após resistências internas, recuou e indicou o delegado Carlos Henrique Sousa.

Um documento enviado pela PF para o inquérito das acusações de Moro contra Bolsonaro mostra que a superintendência do órgão no Rio registrou em 2019 seus melhores índices de produtividade dos últimos três anos, contrariando declarações feitas pelo presidente da República.

No despacho, a tabela da PF mostra que o Rio começou o ano em 12º, chegando ao 4º lugar em julho. Em agosto do ano passado, ao anunciar a substituição de Ricardo Saadi, então chefe da corporação no estado, o presidente justificou a mudança por uma questão de produtividade.

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