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PSL é partido que mais cresce mesmo após saída de Bolsonaro

Com fundo eleitoral robusto, partido ganhou mais de 91 mil filiados na janela partidária; Novo teve queda

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Salvador e São Paulo

O PSL foi o partido que mais ganhou novos filiados Brasil na janela partidária de abril deste ano, última antes das eleições municipais.

O avanço aconteceu a despeito das rusgas com o presidente Jair Bolsonaro, que deixou a sigla em novembro do ano passado para tentar criar a sua própria legenda, a Aliança pelo Brasil.

Dados levantados pela Folha no sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) apontam que o PSL tinha 344,3 mil filiados em março deste ano e cresceu para 435,9 mil em abril, um avanço de 27%. ​

A seu favor, o partido tem uma bancada de 53 deputados na Câmara, um fundo eleitoral para o pleito deste ano estimado em R$ 200 milhões e uma meta de eleger pelo menos 500 prefeitos.

“É natural que o partido tenha ganhado mais em evidência com o presidente. Mas o fato de seguirmos crescendo [após a saída de Bolsonaro] mostra um reconhecimento da coerência do partido com sua ideologia”, afirma o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar.

Ele afirma que a sigla ganhou musculatura mesmo com a saída de quadros ligados ao presidente que devem disputar as eleições deste ano e buscaram abrigo provisório em outras legendas.

Após assinatura de prévio contrato de filiação ao PSL, o então pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro e o presidente do partido Luciano Bivar dão entrevista - Diego Nigro - 11.jan.2018/JC Imagem/Folhapress

Os diretórios de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro puxaram o crescimento de filiados. Mas foi no estado de Santa Catarina onde o PSL teve maior crescimento proporcional, com avanço de 71%.

O governador Carlos Moisés (PSL) costurou a filiação de potenciais candidato nas eleições municipais, incluindo prefeitos de cidades importantes do estado como Chapecó.

Apesar do crescimento expressivo, o PSL ainda não chegou ao primeiro pelotão das grandes legendas brasileiras —é o 12º maior partido.

O MDB permanece como o maior do país, com 2,1 milhões de filiados, seguido do PT com 1,5 milhão, e do PSDB com 1,3 milhão. Os três também registraram crescimento, mas em patamares mais modestos.

Depois do PSL, partidos que recentemente alinharam-se com o presidente Jair Bolsonaro aparecem entre os que mais registraram filiados na janela partidária.

O PSD, por exemplo, saiu de 327 mil para 406 mil filiados, um salto de 24%. A maior parte do crescimento foi no Paraná, único estado governado pela legenda. Sob liderança do governador Ratinho Júnior, a sigla atraiu prefeitos e vereadores que disputarão as eleições municipais.

Movimento semelhante aconteceu no PSD na Bahia, onde o partido já comanda uma em cada quatro prefeituras. O presidente estadual da legenda, senador Otto Alencar, busca musculatura para disputar o governo da Bahia em 2022. Mas segue uma linha distinta do comando da sigla e faz oposição a Bolsonaro.

Também registraram crescimento no número de filiados partidos do centrão como PP e Republicanos —este último escolhido por parte dos aliados do presidente, incluindo dois de seus filhos, enquanto o Aliança pelo Brasil não é formalizado.

A legenda que mais perdeu filiados na janela partidária foi o Novo, apesar de o partido ter alcançado a cláusula de barreira na última eleição.

Em abril do ano passado, o Novo havia sido o o que proporcionalmente mais tinha ganhado filiados no país, movimento que ganhou rumo contrário em 2020.

A legenda perdeu 6.178 filiados, uma queda de 12%. As maiores perdas aconteceram nos diretórios de São Paulo, onde o partido tem três deputados federais, e Minas Gerais, onde a sigla tem seu único governador, Romeu Zema.

No caso de Minas, o partido sofreu uma cisão interna com a desfiliação do vice-governador, Paulo Brant, em março deste ano. Ele deixou o partido com críticas à gestão de Zema por não priorizar a “governabilidade e o funcionamento do Estado em benefício dos seus cidadãos”.

No campo da oposição, o PT foi o que mais cresceu, com 60,8 mil novos filiados no período. O avanço concentrou-se em São Paulo, Bahia, Ceará e Piauí —estes três últimos comandados por governadores petistas.

O PDT aparece na sequência entre os oposicionistas, com 38,6 mil novos filiados. A maioria das filiações aconteceu no Rio Grande do Sul, um dos principais berços do trabalhismo, e no Ceará, onde o partido é liderado pelo ex-governador e presidenciável Ciro Gomes.

Proporcionalmente, o que mais cresceu foi a Rede Sustentabilidade, que teve um incremento de 40%, chegando a 33 mil filiados. O avanço aconteceu a despeito de não ter atingido a cláusula de barreira, o que deixou a legenda sem fundo partidário e tempo de televisão.

Apenas seis partidos registraram saldo negativo de filiados, sendo que cinco deles não atingiram a cláusula de barreira em 2018: PSTU, PCB, PPL, PHS, PRP. Os três últimos foram incorporados por outras legendas maiores. O PRP uniu-se ao Patriota, o PPL juntou-se ao PC do B e o PHS foi incorporado pelo Podemos.

Apesar de simbolizar a representação dos partidos entre o eleitorado, o número de filiados é tido como um indicador questionável para medir o tamanho ou a capilaridade das legendas.

Isso porque, no Brasil, nem sempre há participação dos filiados nas decisões do partido. A ausência de taxas e contribuições financeiras na maioria dos partidos também facilita a filiação em massa de eleitores.

Outra lacuna são as falhas na base de dados do TSE. Existem eleitores que são registrados involuntariamente e até pessoas que já morreram entre os filiados considerados em situação regular.

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