Presidente do Senado e do Congresso Nacional, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) divulgou comunicado nesta quarta-feira (8) em que qualifica como lamentável artigo do colunista da Folha Hélio Schwartsman.
O texto "Por que torço para que Bolsonaro morra" foi publicado pela Folha nesta terça-feira (7) após o presidente Jair Bolsonaro anunciar que contraiu o novo coronavírus.
Em editorial publicado também nesta terça, o jornal disse que "esta Folha torce pela pronta recuperação de Jair Bolsonaro".
Ministros do governo manifestaram críticas ao artigo na mesma noite em que foi publicado.
Na manhã desta quarta, Alcolumbre divulgou nota em que começa desejando que a saúde de Bolsonaro seja prontamente restabelecida, e, então, critica o artigo.
"Registro minha indignação, como homem público e cidadão, com o lamentável artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, assinado pelo jornalista Hélio Schwartsman, intitulado: 'Por que torço para que Bolsonaro morra'", diz Alcolumbre.
"Sou judeu e carrego comigo a dor da intolerância religiosa e sempre busco me posicionar de maneira firme no combate a toda e qualquer discriminação e, principalmente, contra atitudes raivosas, cheias de ódio e desprovidas de humanidade. O respeito à vida deve vir acima de qualquer questão, seja ela política, ideológica ou de qualquer ordem", segue Alcolumbre.
O presidente do Congresso diz que o Brasil já perdeu muitas vidas, o que provocou muito sofrimento, pois são perdas irreparáveis.
"Logo, em um momento de tamanho sofrimento, precisamos mais do que nunca combater o ódio e direcionar nossos pensamentos e ações para o que temos de melhor como brasileiros que somos: a empatia e a solidariedade."
Alcolumbre afirma que "ainda que haja discordâncias, faculdade admissível nos regimes democráticos, precisamos caminhar de mãos dadas com o respeito às instituições e às autoridades constituídas. Não há 'consequencialismo' que deseje a morte de alguém como saída política para uma pandemia sanitária".
O senador conclui afirmando que deve-se torcer por apenas um extermínio, o do vírus. "Somente o fim do coronavírus pode impedir que o Brasil chore tantas perdas e a tragédia de tantas mortes", encerra Alcolumbre.
Também nesta manhã, a Secom (Secretaria de Comunicação) publicou uma crítica no Twitter.
"Nesta guerra, que envolve a todos, existem aqueles que torcem pela morte...", diz frase em vermelho ao lado de uma reprodução do título da coluna e da foto do colunista com uma sobreposição dos logotipos da Folha e do UOL (que tem participação acionária minoritária e indireta da Folha).
Em seguida, a frase é completada ao lado de uma imagem de duas mãos com luvas médicas se cumprimentando e sobre medidas anunciadas pelo governo Bolsonaro no enfrentamento ao coronavírus: "E aqueles que torcem e trabalham pela vida".
Na terça-feira, o ministro da Justiça, André Mendonça, afirmou ter requisitado a abertura de um inquérito pela Polícia Federal, com base na Lei de Segurança Nacional, para investigar o artigo do colunista da Folha.
Em nota, a Folha disse que "o colunista emitiu uma opinião; pode-se criticá-la, mas não investigá-la".
Este é o segundo pedido de investigação feito pelo ministro da Justiça com base na Lei de Segurança Nacional.
Em junho, Mendonça solicitou à PF e à Procuradoria-Geral da República que o jornalista Ricardo Noblat, colunista da revista Veja, seja investigado por causa da publicação de uma charge em uma rede social na qual o presidente aparece junto com uma suástica, símbolo do nazismo.
Na ilustração assinada pelo cartunista Aroeira, há uma cruz vermelha, que remete a hospitais, cujas extremidades foram pintadas com tinta preta, formando a suástica. Bolsonaro aparece ao lado da pintura com uma lata de tinta e um pincel na mão. Na imagem, podemos ler as expressões "crime continuado" e "bora invadir outro?".
"O pedido de investigação leva em conta a lei que trata dos crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, em especial seu art. 26", escreveu Mendonça, em mensagem reproduzida por Bolsonaro.
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