Defesa reage a Gilmar e diz que militares atuam diariamente no combate ao coronavírus

Pasta divulgou nota após ministro declarar que Exército está se associando a genocídio

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Brasília

O Ministério da Defesa reagiu a críticas do ministro Gilmar Mendes, do STF (supremo Tribunal Federal), e disse que desde o início da pandemia do coronavírus os militares atuam diariamente no combate à doença, com "efetivo maior do que o da FEB (Força Expedicionária Brasileira) na Segunda Guerra Mundial".

Mendes participou, no sábado (11), de um debate online organizado pela revista IstoÉ e pelo Instituto Brasiliense de Direito Público. Na ocasião, o ministro fez críticas à ocupação por militares de postos-chave no Ministério da Saúde —comandado há mais de 50 dias pelo general Eduardo Pazuello— e afirmou que o Exército está se associando a um genocídio.

"Não podemos mais tolerar essa situação que se passa no Ministério da Saúde. Não é aceitável que se tenha esse vazio. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção, é preciso se fazer alguma coisa. Isso é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso", declarou Mendes.

Neste sábado, o número de mortos pela Covid-19 no país ultrapassou os 71 mil.

Questionada sobre as falas de Mendes, a Defesa enviou uma nota em que lista as ações empreendidas pelas Forças Armadas no esforço de contenção do vírus. Em nenhum momento o documento menciona Gilmar Mendes nem faz referência à declaração do ministro do Supremo.

Segundo o comunicado, a mobilização da pasta contra a Covid-19 começou no início fevereiro, na repatriação de 34 brasileiros que estavam em Wuhan (China), então epicentro do coronavírus.

"O Ministério da Defesa informa que as Forças Armadas atuam diretamente no combate ao novo coronavírus, por meio da Operação Covid-19. Desde o início da pandemia, vem atuando sempre para o bem-estar de todos os brasileiros. São empregados, diariamente, 34 mil militares, efetivo maior do que o da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, com 25.800 homens. O Ministério da Defesa tem o compromisso com a saúde e com o bem estar de todos o brasileiros de norte ao sul do País", afirma a nota.

A Defesa diz ainda que em março foi criada a Operação Covid-19, que mobilizou dez comandos conjuntos e o Comando Aeroespacial.

"Os resultados mostram que a operação está atingindo os objetivos a que se propõe. De lá para cá, foram descontaminados 3.348 locais públicos; realizadas 2.139 campanhas de conscientização junto à população, 3.249 ações em barreiras sanitárias e 21.026 doações de sangue; distribuídos 728.842 cestas básicas; produzidos 20.315 litros de álcool em gel e capacitadas 9.945 pessoas para realizar ações de descontaminação".

Ao citar "atividades subsidiárias" das Forças Armadas para "cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil", o ministério alegou ainda que, em conjunto com a pasta da Saúde, "intensificaram a assistência à saúde prestada a indígenas em diversas localidades carentes e isoladas do país".

"As mais de 200 missões em aldeias indígenas somente na Amazônia Ocidental realizam atendimentos de saúde, promovem cuidados básicos de saúde e orientam sobre a prevenção de doenças, sempre respeitando os aspectos socioculturais, condizentes com a realidade de cada etnia", conclui o ministério.

Bolsonaro reclama de disseminação de pânico na pandemia

O presidente Jair Bolsonaro afirmou em suas redes sociais que a "desinformação foi uma arma largamente utilizada" na pandemia do novo coronavírus e voltou a dizer que houve disseminação de pânico, "fazendo as pessoas acreditarem que só tinham um grave problema para enfrentar".

Bolsonaro publicou na manhã deste domingo (12) um texto no Facebook intitulado "A hora da verdade".

"Milhões de empregos destruídos, dezenas de milhões de informais sem renda e um país na beira da recessão. A situação só não está pior pelas ações do governo federal, que foi ao socorro das pequenas e médias empresas, arranjou recursos para estados e municípios e está pagando Auxílio Emergencial de R$ 600,00 para mais de 60 milhões de pessoas", escreveu o presidente.

"Sempre disse que o efeito colateral do combate ao vírus não poderia ser pior que o próprio vírus. A realidade do futuro de cada família brasileira deve ser despolitizada da pandemia. Os números reais dessa guerra brevemente aparecerão. A desinformação foi uma arma largamente utilizada. O pânico foi disseminado fazendo as pessoas acreditarem que só tinham um grave problema para enfrentar. Não será fácil, mas havemos de recomeçar."

Segundo dados do Ministério da Saúde do governo Bolsonaro, o Brasil soma hoje mais de 1,8 milhão de casos confirmados do novo coronavírus, sendo que 71.469 pessoas morreram da doença.

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