Descrição de chapéu Eleições 2020

Eleição na Grande São Paulo testará tucanos diante de adversários já conhecidos

Polarização com o PT deve ser uma das marcas da campanha na região metropolitana

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São Paulo

As eleições municipais na região metropolitana de São Paulo devem ser marcadas pelo teste de resistência do PSDB diante de ex-prefeitos e políticos já conhecidos pelo eleitorado, uma estratégia comum dos partidos que ganha força num cenário ainda mais desfavorável para a renovação política.

As disputas na Grande São Paulo também prometem trazer de volta a polarização entre tucanos e petistas, que buscam recuperar o terreno perdido em 2016.

Naquele ano, o do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o PT perdeu metade das prefeituras que comandava, algumas delas no ABC, onde, pela primeira vez desde a sua fundação, o partido não elegeu nenhum prefeito.

A região metropolitana de São Paulo é formada por 39 municípios, em um total de 21,1 milhões de habitantes, sendo 56% deles na capital, segundo dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). O PSDB administra hoje dez dessas cidades, entre as quais São Paulo, Santo André, São Bernardo e Mogi das Cruzes.

Luiz Marinho e Doria se abraçando
Luiz Marinho (PT) e João Doria (PSDB), antes do debate dos candidatos ao governo do estado de São Paulo, nas eleições de 2018 - Eduardo Anizelli/ Folhapress

O coordenador do PT na região do ABC, Brás Marinho, diz que em 2016 houve um “baque muito grande”, mas que a sigla conseguiu se recuperar na região em 2018 e reeleger os deputados estaduais (Teonilio Barba e Luiz Fernando) e o deputado federal Vicentinho.

Para o pleito remarcado para 15 de novembro, ele diz que as maiores chances para o PT no Grande ABC estão nas cidades de São Bernardo do Campo, Mauá e Diadema. O partido também tem pré-candidatos nas cidades de Santo André e São Caetano.

No início de julho, numa videoconferência que reuniu a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, o ex-presidente Lula e o ex-prefeito Fernando Haddad, o partido referendou o presidente estadual da sigla, Luiz Marinho, como pré-candidato à Prefeitura de São Bernardo do Campo, com 812 mil habitantes e comandada por ele por dois mandatos, de 2009 a 2016.

Em 2018, Marinho disputou o Governo de São Paulo —ficou em 4º lugar, com 13% dos votos no estado. Até o momento, ele tem como candidato a prefeito o apoio de PDT, Solidariedade, PL, PC do B e PTB, além do próprio Lula, que vive na cidade e, segundo a sigla, se disponibilizou a colaborar com seu ex-ministro na campanha.

A estratégia da campanha, segundo a sigla, será comparar a gestão petista com a do atual prefeito Orlando Morando (PSDB), que segue com Marcelo Lima (PSD) como vice e tem o apoio do MDB, partido com pouca força no ABC, mas que trabalha para recuperar espaço e eleger a maioria dos prefeitos da região num prazo de dez anos.

Em Santo André, com quase 694 mil habitantes, nomes como a vereadora Bete Siraque (PT), o ex-vereador Ailton Lima (PSB) e o empresário da área de eventos Wagner Grillo (MDB) entram em cena pra tentar frear a reeleição do tucano Paulo Serra.

Para seguir no cargo, o prefeito já soma o apoio de dez partidos de diferentes espectros ideológios, como PDT e PSL. A antiga sigla do presidente Jair Bolsonaro tem com estratégia lançar o maior número de candidatos e terá nomes, por exemplo, em São Bernardo e São Caetano do Sul.

Em São Caetano, com 151 mil habitantes e a maior renda per capita do estado, segundo dados do Censo de 2010 do IBGE, o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) tem apoio de PL, Cidadania e Podemos para tentar reeleger.

O tucano teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral por captação e gastos ilícitos na campanha eleitoral. Em março, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo rejeitou os últimos recursos da defesa de Auricchio, mas suspendeu os efeitos da cassação até que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se manifeste sobre o caso, dando sobrevida ao tucano.

Segundo o advogado com especialização em direito eleitoral Amilton Augusto, apenas se a suspensão for derrubada é que Auricchio corre o risco de ser barrado com base na Lei da Ficha Limpa. Caso isso aconteça após eleição, se reeleito, Auricchio pode ter que deixar o cargo. O PSDB não cogita outra candidatura.

O principal rival do tucano deve ser o ex-vereador e pré-candidato Fabio Palacio (PSD), que tem o apoio do ex-prefeito da cidade Paulo Pinheiro (DEM). Ambos disputaram as eleições em 2016, com Pinheiro terminando em segundo lugar, e Palacio, em terceiro.

Em Guarulhos, segunda maior cidade do estado com 1,35 milhão de habitantes, o PSDB trabalha para chegar à prefeitura com a pré-candidata Fran Corrêa, empresária e esposa do deputado federal Eli Corrêa Filho (DEM), segundo lugar no pleito de 2016.

A cidade é administrada por Gustavo Henrique Costa, conhecido como Guti, do PSD, que até o momento soma o apoio de oito legendas, da esquerda à direita. Para a legenda, um dos adversários com mais peso na disputa deve o petista e ex-prefeito, Elói Pietá.

O candidato do PT governou a cidade de 2001 a 2008. Na eleição passada, não chegou ao segundo turno, terminando como terceiro mais votado, o que interrompeu um ciclo de 16 anos do PT na cidade.

Já em Mogi das Cruzes, com cerca de 433 mil habitantes, a continuidade de um mesmo grupo político no paço municipal tem sido uma característica há pelo menos duas décadas. A cidade é conhecida por ser o reduto político do ex-deputado e condenado no mensalão Valdemar Costa Neto, que exerce forte influência no local.

A oposição tenta romper o ciclo apostando em nomes do legislativo, mas o principal rival do prefeito tucano Marcus Mello na busca pela reeleição, caso confirme a candidatura, é o deputado federal Marco Bertaiolli (PSD-SP), ex-prefeito da cidade por dois mandatos e de quem Mello é sucessor.

Os dois políticos romperam a partir de um embate sobre aumento do IPTU. Bertaiolli disse à Folha que deve definir até a primeira quinzena se entrará na disputa. O PL, que faz parte da base de Mello, promete apoiá-lo se isso acontecer.

Caso contrário, o deputado diz que deve se envolver pessoalmente para que um dos vereadores do partido chegue à prefeitura ou, numa terceira hipótese, apoiar um candidato de outro partido contra o ex-aliado.

A favor de Mello e dos outros tucanos na região, estará o governador João Doria, que, segundo o presidente do PSDB no estado, Marco Vinholi, deve se empenhar para que o partido consiga reeleger seus prefeitos e conquistar mais espaço.

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