Descrição de chapéu Eleições 2020

Com chapas indefinidas, partidos adotam até drive-thru em convenções em SP

Legendas postergam definições de candidatos a prefeito e, por causa da pandemia, adotam formato virtual para definições

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São Paulo

A pandemia do coronavírus adiou em mais de um mês as convenções partidárias para a escolha de candidatos da eleição municipal e obrigou legendas a trocarem festas com militantes por encontros virtuais ou até esquema drive-thru.

Na cidade de São Paulo, mesmo com o adiamento, as convenções estreiam nesta segunda (31) com incertezas em muitos dos partidos a respeito de coligações e candidatos a vice.

Na principal eleição do país, legendas não querem errar nas alianças e candidaturas. Por isso, já admitem realizar seus eventos sem bater o martelo, arrastando as decisões até 16 de setembro, quando o período das convenções se encerra.

Durante as convenções, com o prazo batendo à porta, é que os partidos intensificam conversas para ajustar apoios. Em 2020, pela primeira vez, as coligações ficam restritas aos cargos de prefeito e vice.

Está vetada a união para eleger vereadores, o que levou a um recorde de 18 pré-candidatos ao Executivo e provocou o lançamento de chapas completas e puxadores de voto para o Legislativo.

A pandemia ainda trouxe aos dirigentes partidários a preocupação sobre o formato das convenções. Amparadas por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), siglas substituíram atos com balões, música e lotação por ambientes virtuais ou reuniões presenciais restritas, com máscara, distanciamento e álcool em gel.

A nova resolução do TSE autoriza a convenção virtual por meio de qualquer plataforma, aceitando como lista de presença assinaturas eletrônicas ou até mesmo o registro em áudio e vídeo dos presentes. Antes, a ata deveria ser física e assinada em livro oficial.

Com uma convenção meio online e meio presencial, o PSDB lança o prefeito Bruno Covas à reeleição em 12 de setembro, mas admite que o nome do vice pode ficar para depois. A prioridade, segundo o presidente do PSDB municipal, Fernando Alfredo, é acertar a coligação, que já reúne DEM, MDB, Podemos, Pros, PL, Progressistas e PSC —somando o maior tempo de TV.

Definida a coligação, a escolha do vice fica a cargo de Covas. São avaliados nomes de outros partidos, o que ampliaria a coligação, como Marta Suplicy (Solidariedade) e Celso Russomanno (Republicanos), além da possibilidade de uma chapa 100% tucana.

Os cerca de 500 delegados poderão votar para validar as candidaturas de Covas e dos postulantes a vereador em 19 pontos da cidade para evitar aglomeração. Simultaneamente, haverá uma reunião virtual com os principais nomes do partido.

Para ganhar tempo nas negociações, o Republicanos adiou sua convenção, que será em formato virtual e presencial, para 16 de setembro. A ideia é definir até lá se Russomanno será candidato a prefeito.

“Estamos buscando construir uma coligação. Converso com todo mundo, não tenho inimigos”, disse o deputado federal a respeito de reuniões com PSDB e PSB. A avaliação, no entanto, é que seu desempenho em pesquisas o cacifa para ser cabeça de chapa, e não vice.

Outro partido que adiou a convenção foi o PT, que lançará Jilmar Tatto em 12 de setembro em encontro online com a presença, gravada ou ao vivo, do ex-presidente Lula (PT).

O PT não conseguiu atrair outros partidos para formar coligação e espera escolher seu vice até a convenção. São avaliados nomes de mulheres negras e militantes.

O PSB e o PDT, com convenções em 11 e 12 de setembro, respectivamente, se uniram em torno da candidatura de Márcio França (PSB) e do vice Antônio Neto (PDT). No PDT, o formato da convenção será virtual –o PSB não decidiu. O Avante também anunciou apoio a França.

O cenário nesse campo, contudo, não está fechado. Esses partidos seguem em conversas que envolvem também PC do B, PV e Rede —que a princípio lançam nomes próprios, mas podem acertar alguma composição.

O PC do B lança Orlando Silva em 5 de setembro, em convenção mista e com chances de não ter uma definição de vice até lá. Haverá um ato político virtual, mas os cerca de 150 delegados devem votar presencialmente em horários diferentes para evitar aglomeração.

“Não vai ter risco de juntar gente. Estamos defendendo o isolamento e somos críticos à atitude do presidente Jair Bolsonaro [em relação à pandemia]”, diz o deputado federal.

A Rede marcou a convenção para 15 de setembro para escolher entre Duda Alcântara e Marina Helou para a prefeitura. O PV anunciou a chapa Eduardo Jorge e Roberto Tripoli, mas estuda apoiar outros partidos e pode até adiar a convenção marcada para o dia 5.

Na convenção do PV, os delegados votarão virtualmente e apenas cerca de dez dirigentes estarão reunidos em espaço amplo.

“Estamos discutindo [com outros partidos] programa de governo. Teremos candidatura própria ou apoiaremos alguém de centro, o que for melhor para eleger vereadores”, diz Tripoli, presidente estadual do PV.

A direita também tenta um arranjo de última hora. “Estamos procurando uma candidatura que una a base conservadora. A eleição em São Paulo não pode passar pela vaidade”, afirma Roberto Jefferson, líder do PTB e aliado do presidente Jair Bolsonaro. Ele menciona conversas com Republicanos, PL e PRTB.

Até agora, o PTB decidiu lançar chapa com Marcos da Costa e Policial Edjane no dia 12.

Mesmo entre os partidos que farão a convenção nesta segunda paira a incerteza. É o caso do PRTB, que lança virtualmente Levy Fidelix, mas já anunciou que a escolha de vice será feita depois. No mesmo dia, o PSL deve lançar Joice Hasselmann e o PSD confirmará Andrea Matarazzo.

A convenção do PSL será presencial, com regras de distanciamento e uso de máscara. Apesar de ainda conversar com PTC e DC, o dirigente do PSL, Júnior Bozzella, diz querer "colocar o time em campo”. Mas a escolha de vice também pode ficar para depois.

O PSD vai reunir presencialmente apenas dirigentes e delegados, transmitindo o evento para imprensa e simpatizantes. Matarazzo tampouco definiu um nome para sua vice.

Entre os partidos que vão para a convenção com uma chapa consolidada estão PSOL, Novo e Patriota. Guilherme Boulos e Luiza Erundina serão lançados no dia 5 pelo PSOL, em formato ainda não deliberado.

O Novo, com Filipe Sabará e Marina Helena, e o Patriota, com Arthur do Val e Adelaide Oliveira, vão inovar com convenções drive-thru, nos dias 5 e 12 de setembro respectivamente.

O Novo usará o estacionamento da Câmara Municipal —haverá urnas para quem for votar a pé ou de bicicleta. Os discursos políticos serão transmitidos online.

“Nem vai precisar sair do carro. Vamos dar uma prancheta higienizada para assinar a lista. Depois, a pessoa pega a cédula, preenche dentro do carro, abre a janela e deposita na urna”, explica Julio Rodrigues, dirigente do Novo.

Nas convenções, as siglas vão delegar poderes para que seus dirigentes possam, posteriormente, alterar o que foi deliberado na votação, abrindo brecha para mudanças de candidatos e de coligações até 16 de setembro.

Embora o último dia para registro de candidatura seja 26 de setembro, os advogados eleitorais Ricardo Vita Porto e Rodrigo Pedreira, consultados pela Folha, entendem que os partidos não podem fazer mudanças após o dia 16. Caso algum partido use o prazo do registro para redefinir candidatos e coligação, caberá à Justiça Eleitoral validar ou não esse ato.

Colaborou Joelmir Tavares, de São Paulo

*

Datas das convenções em São Paulo

Antes da pandemia: 20.jul a 5.ago
Agora: 31.ago a 16.set

Andrea Matarazzo (PSD)
31.ago - Presencial e virtual

Joice Hasselmann (PSL)
31.ago - Presencial

Levy Fidelix (PRTB)
31.ago - Virtual

Guilherme Boulos (PSOL), com Luiza Erundina (PSOL) como vice
5.set - Formato ainda não definido

Filipe Sabará (Novo), com Marina Santos (Novo) como vice
5.set - Drive-thru

Orlando Silva (PC do B)
5.set - Presencial e virtual

Eduardo Jorge (PV), com Roberto Tripoli (PV) como vice
5.set - Presencial e virtual

Márcio França (PSB), com Antônio Neto (PDT) como vice
11.set - Formato ainda não definido

Bruno Covas (PSDB)
12.set - Presencial e virtual

Jilmar Tatto (PT)
12.set - Virtual

Arthur do Val (Patriota), com Adelaide Oliveira (Patriota) como vice
12.set - Drive-thru

Marcos da Costa (PTB), com Policial Edjane (PTB) como vice
12.set - Presencial e virtual

Vera Lúcia (PSTU)
12.set - Virtual

Ribas Paiva (PTC), com Coronel Adriana (PTC) como vice
13.set - Presencial

Antonio Carlos Mazzeo (PCB)
14.set - Virtual

Vivian Mendes (UP)
14.set (a confirmar) - Virtual

Marina Helou ou Duda Alcântara (Rede)
15.set - Formato ainda não definido

Celso Russomanno (Republicanos)
16.set - Virtual e presencial

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