Ministro Fábio Faria prepara mudanças no comando de estatal de comunicação com demissão de militares

Além do presidente da EBC, que é general, ministro das Comunicações deve mudar coronéis na diretoria executiva

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Brasília

Na tentativa de melhorar o desempenho da EBC (Empresa Brasil de Comunicação)​, sob risco de ser privatizada pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, deve trocar o comando da estatal de comunicação.

Em conversas reservadas relatadas à Folha, o ministro disse que, além do atual presidente, fará trocas na diretoria executiva e em postos de dirigentes tanto de conteúdo como de serviço. As mudanças devem ser efetivadas até o final do ano.

Hoje, a diretoria executiva é composta por três militares. Além do presidente Luiz Carlos Pereira Gomes, general do Exército, fazem parte dela o coronel Roni Baksys Pinto, diretor-geral, e o coronel Márcio Kazuaki, diretor de administração.

As mudanças devem incluir cargos de chefia da Agência Brasil e da TV Brasil, dois veículos de comunicação da empresa estatal. A EBC é formada por um canal televisivo, sete emissoras de rádio, uma agência e uma radioagência de notícias.

Para o cargo de presidente da estatal, foi escolhido o ex-diretor da Band José Emílio Ambrósio. O nome dele, no entanto, ainda passa por análise da SAJ (Subchefia para Assuntos Jurídicos) antes de ser anunciado.

Antes de atuar na Band, ele ocupou cargo de diretor de operações na Rede Globo e foi superintendente de jornalismo na RedeTV!. O nome dele conta com o apoio do chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação Social), Fabio Wajngarten.

As mudanças dos postos de comando não são as únicas alterações que serão implementadas por Faria na estatal de comunicação. O ministro contratará uma consultoria de gestão que formule um plano de redução dos custos tanto com o quadro de pessoal como com o aluguel de imóveis.

Na opinião dele, apesar das declarações do presidente, dificilmente a empresa estatal terá condições de ser privatizada no curto prazo. A avaliação de Faria é compartilhada pela cúpula militar.

Em maio, a empresa estatal foi incluída para estudos técnicos no programa de privatizações de empresas públicas. E, em junho, Bolsonaro disse que o novo ministro colocaria a EBC para funcionar e afirmou que ela será vendida para a iniciativa privada assim que for possível.

No Palácio do Planalto, no entanto, há ceticismo sobre a privatização. A avaliação é a de que, além de o conglomerado ser uma peça importante na estratégia de comunicação, dificilmente haverá empresas privadas interessadas em adquiri-la.​

A EBC tem hoje mais de 1.800 funcionários e, no ano passado, teve uma despesa total de R$ 549 milhões, o que representou um déficit de R$ 87 milhões em relação às suas receitas próprias. Só com a folha de pagamento e encargos trabalhistas, o gasto foi de R$ 326 milhões.​

A ideia discutida no governo é tentar diminuir a folha de pagamento, por meio de novos PDVs (Planos de Demissão Voluntária) e reduções de cargos comissionados, e vender parte da estrutura física.​

O patrimônio em equipamentos foi avaliado no início do ano passado em cerca de R$ 70 milhões.​

A pasta ainda não definiu uma meta de redução, mas a defesa no Palácio do Planalto é a de que o custo anual do conglomerado de comunicação seja reduzido para pelo menos zerar o déficit da empresa. Para isso, assessores presidenciais são favoráveis a fusões de emissoras.

Recentemente, o TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu em auditoria que faltam critérios técnicos para a distribuição de verbas publicitárias a televisões abertas pela atual gestão.

Os dados da fiscalização, apresentados na terça-feira (11), confirmam a mudança de padrão na destinação do dinheiro para as emissoras, conforme noticiado em série de reportagens pela Folha.

Embora seja líder de audiência, a Globo, tida como inimiga por Bolsonaro, passou a ter fatia menor dos recursos na gestão do presidente. Record e SBT aumentaram expressivamente sua participação.

Os donos das emissoras —Edir Macedo e Silvio Santos, respectivamente— manifestaram apoio ao governo em diferentes ocasiões. O ministro das Comunicações é genro de Silvio Santos.

A chegada de Faria no governo teve como objetivo melhorar a relação do presidente com as emissoras de televisão, inclusive com aquelas que Bolsonaro considera desafetos de sua gestão, como a Globo.

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