Post tira de contexto frase de Damares sobre abuso infantil

Ministra disse que vítimas não deveriam acreditar no discurso do abusador, segundo o qual elas seriam culpadas

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São Paulo

Postagem feita no Facebook omite o contexto de uma fala de Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, em 2019. Segundo o Comprova verificou, ao afirmar que “tem abuso que é prazeroso para a criança”, a ministra tentava incentivar mulheres vítimas de abuso sexual na infância a não acreditarem no discurso do abusador de que elas são culpadas por aqueles atos. Sem essa informação, muitos dos leitores acreditaram que Damares havia tentado justificar o abuso de crianças.

“Nem sempre o abuso é como no meu caso, com dor, com sangue, com violência. Tem abuso que é prazeroso para a criança, porque o pedófilo sabe como tocar, onde tocar, e às vezes desperta prazer. O nosso corpo foi feito pelo prazer. Eu encontro muitos adultos, especialmente mulheres, que se sentem culpadas porque sentiram prazer. Eu digo que não se sintam culpadas, eram crianças e não tinham controle sobre seus corpos”, afirmou a ministra em entrevista para a BBC Brasil, publicada em 18 de dezembro de 2019.

Após o conteúdo viralizar, Damares cobrou pelo Twitter que a fala fosse colocada no seu contexto original.

Verificação

O Comprova verifica a veracidade de conteúdos suspeitos sobre as políticas públicas do governo federal que tenham viralizado nas redes sociais. É o caso da postagem feita por um perfil no Facebook, que teve 1,5 mil interações. A imagem foi compartilhada em páginas contrárias ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A publicação levou vários internautas a criticarem Damares, acreditando que ela estaria justificando o abuso sexual de crianças – desde que o caso da garota de dez anos ganhou repercussão nacional, o tema do abuso sexual de crianças e o debate sobre o aborto legal no Brasil voltaram à agenda pública.

Enganoso, para o Comprova, é todo conteúdo retirado do contexto original e usado em outro com o propósito de mudar o seu significado ou que confunde, com ou sem a intenção de causar dano.

A investigação desse conteúdo foi feita por Jornal do Commercio e publicada na quinta-feira (20) pelo Projeto Comprova, coalizão que reúne 28 veículos na checagem de conteúdos sobre coronavírus e políticas públicas. Foi verificada por Folha, UOL, Nexo, SBT e Diário do Nordeste. 

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