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Aliados de Russomanno fazem últimas apostas por aliança com PSL de Joice

Vista como improvável, composição de chapa em SP com antigo partido de Bolsonaro ainda é negociada

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São Paulo

Enquanto o PSL de São Paulo, rompido com Jair Bolsonaro, insiste na candidatura de Joice Hasselmann para a prefeitura, aliados do pré-candidato Celso Russomanno (Republicanos) avaliam como improvável mas ainda não descartam uma composição com o ex-partido do presidente da República.

Como revelou a Folha, o Palácio do Planalto negocia com o presidente do PSL, Luciano Bivar, uma intervenção em São Paulo para retirar a candidatura da deputada Joice Hasselmann e indicar um nome do PSL para a vaga de vice de Russomanno.

Isso serviria à negociação de Bolsonaro para retornar ao PSL ao mesmo tempo em que fortaleceria a candidatura de Russomanno, apoiada pelo presidente, e que poderia, em caso de vitória, servir-lhe de trincheira em São Paulo na eleição de 2022.

Membros do PSL e do Republicanos, porém, consideram que uma aliança entre os partidos é difícil e há pouco tempo para as definições. A convenção que irá oficializar a chapa de Russomanno está marcada para esta quarta-feira (16), e o registro das candidaturas segue até o final deste mês.

As negociações esfriaram ainda na segunda (14), depois que Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) criticou em rede social o deputado federal Antônio Nicoletti, que vai disputar a Prefeitura de Boa Vista (RR) pelo PSL, por querer associar seu nome ao do presidente. A publicação provocou crise na ala do PSL simpática a Bolsonaro.

Da parte do PSL paulista, aliados de Joice, como o deputado federal Júnior Bozzella e o senador Major Olímpio, afirmam terem freado as articulações do Planalto contra ela. O partido registrou a candidatura da deputada junto à Justiça Eleitoral nesta terça-feira (15).

Ainda assim, uma decisão de Bivar pela coligação com o Republicanos seria legalmente possível, mas abriria uma guerra judicial com o PSL-SP e implodiria o partido internamente. Por isso, a jogada é vista como politicamente duvidosa.

No Palácio do Planalto, a operação era dada como de difícil execução no começo da noite de terça, mas ainda havia conversas para acontecer. Houve demora nos ajustes, e o tuíte de Eduardo dificultou a posição de Bivar ante os outros candidatos do partido.

Aliados de Russomanno já admitem a opção de chapa pura e avaliam que fechar uma coligação com um partido que já registrou sua candidata é missão quase impossível —mas afirmam que não é possível decretar que esse caminho naufragou de vez.

Os últimos acertos da chapa de Russomanno devem ficar para a manhã desta quarta, horas antes da convenção virtual marcada para as 14h. Caso o PSL de fato indique um candidato a vice de Russomanno, o nome não deve ser o de Joice.

Como mostrou o Painel, Russomanno busca um vice militar para colar sua candidatura ao presidente Bolsonaro. O ativista bolsonarista Major Costa e Silva foi procurado e recusou, por já ter o compromisso de ser candidato a vereador pelo PTB de Roberto Jefferson.

São cogitados ainda os nomes do coronel Marcelino (Republicanos), ex-corregedor da Polícia Militar de São Paulo, e do deputado estadual Major Mecca (PSL), caso a composição com Bivar ocorra. Mecca, porém, afirmou à Folha que está focado em seu mandato legislativo.

Entre os quadros do Republicanos, uma chapa com o deputado federal Pastor Marco Feliciano também chegou a ser pensada.

Russomanno, que resistia a ideia de ser candidato a prefeito, só abraçou a missão após ter a sinalização de Bolsonaro de que teria seu incentivo. O pré-candidato esteve com o presidente em três ocasiões e afirmou à Folha ter seu apoio e seu carinho.

O hoje pré-candidato do Republicanos largou na frente nas pesquisas em 2012 e 2016, mas terminou em terceiro.

Com Bolsonaro e um vice do PSL, Russomanno aumentaria suas chances eleitorais. O PSL é o partido com o segundo maior tempo de TV e o segundo maior fundo eleitoral, com R$ 199 milhões.

A ideia de Bolsonaro é construir uma candidatura forte para bater o favorito Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição. A chapa de Covas, com dez partidos, incluindo MDB e DEM, é um ensaio para a candidatura ao Planalto de João Doria (PSDB), adversário do presidente.

Como se daria a participação de Bolsonaro na campanha de Russomanno ainda é uma incógnita. Adversários apostam que o presidente só demonstraria apoio no segundo turno.

Joice, por sua vez, não está disposta a ceder sua candidatura. Uma intervenção de Bivar teria que passar por cima da comissão provisória municipal, presidida por ela. Segundo advogados ouvidos pela reportagem, o fato de o PSL paulistano não estar organizado em diretório, mas em convenção provisória, abre espaço para decisões de cima para baixo.

Bivar poderia ainda rejeitar a ata da convenção do PSL que lançou Joice e aprovar novo documento, com a determinação de que o PSL seja vice.

Bozzella, coordenador da campanha de Joice, afirmou ter sido procurado por interlocutores de Russomanno para tentar uma composição —que, para ele, deveria ser construída pela conversa e não por intervenção.

Para o deputado, a possibilidade de uma intervenção de Bivar é pura especulação, está superada e não foi tratada no partido. Bozzella afirma que estaria disposto a conversar sobre Russomanno ser vice de Joice, mas não o contrário.

Russomanno era cotado para a vice de Covas, mas o acerto com os tucanos não vingou.

“A Joice sempre foi candidata a prefeita e nunca candidata à vice-prefeita. O Russomanno sempre foi candidato a vice. Tanto que a nossa convenção foi no dia 31 [primeiro dia possível] e a dele será amanhã, no último dia. O PSL não será reboque de ninguém. Nós temos candidatura própria e ponto final. Não faz sentido o maior partido de direita do Brasil não ter candidata na maior capital do país”, diz Bozzella.

Procurados pela reportagem, Bivar e Russomanno não responderam.

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