Campanha em SP começa com aglomeração, Covas na igreja e Russomanno recluso

Principais nomes da esquerda, Boulos e Tatto começaram a campanha no mesmo bairro da zona leste

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São Paulo

O primeiro dia de campanha eleitoral para prefeito de São Paulo em meio a uma pandemia combinou bandeiras e santinhos com máscaras e álcool em gel. Os slogans dos candidatos foram anunciados acompanhados de pedidos por distanciamento social.

Nada impediu, porém, o surgimento de aglomerações e distribuição de abraços.

Os dois principais candidatos do campo da esquerda, Guilherme Boulos, do PSOL, e Jimar Tatto, do PT, escolheram São Mateus, bairro da periferia leste da cidade, para dar o pontapé inicial de suas campanhas.

Candidatos a prefeito de SP em campanha neste domingo (27)
Candidatos a prefeito de SP em campanha neste domingo (27)

Boulos começou pelo Largo São Mateus falando para um pequeno público, na maioria de jovens. Depois seguiu em caminhada para inaugurar o comitê de campanha, a poucos metros dali.

Crítico das ações do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia por estimular aglomerações, Boulos não evitou que acontecesse o mesmo na largada de sua campanha. Juntou gente ao seu redor e distribuiu abraços.

O candidato do PSOL, porém, rejeitou a comparação com o presidente. “Aqui eu imagino que vocês não viram ninguém sem máscara como o Bolsonaro fez em Brasília e em outras partes do país”, disse, aos lembrar que os militantes permaneceram com máscara durante o evento.

“O esforço que nós tivemos foi de orientar sobre o distanciamento. Nem sempre é possível garantir a distância que a gente gostaria, mas o esforço da organização do ato foi este, distribuindo álcool gel em todo momento e todo mundo usando máscaras”, disse Boulos.

O modesto número de pessoas facilitou o trabalho dos militantes que despejavam álcool em gel nas mãos dos participantes.

A ex-prefeita Luiza Erundina, do mesmo partido, candidata à vice, não foi ao evento de lançamento da candidatura. Conhecida na periferia pela sua gestão, ela discursou por meio de chamada de celular quando o comitê foi inaugurado, quase no fim da manhã.

Há motivo para a cautela. Erundina pertence ao grupo de risco do coronavírus. Ela completará 86 anos em 30 de novembro, um dia após o segundo turno das eleições.

Jilmar Tatto, do PT, em campanha em São Mateus, zona leste de São Paulo
Jilmar Tatto, do PT, em campanha em São Mateus, zona leste de São Paulo - Marlene Bergamo/Folhapress

Já Jilmar Tatto, do PT, percorreu em carreata 16 km da zona Leste de São Paulo acompanhado de poucos militantes. O candidato justificou o baixo público a eventos pulverizados por toda cidade e também como efeito da pandemia.

“É que estamos fazendo carreatas em dezenas de pontos da cidade porque na pandemia não pode ter aglomeração”, disse Tatto.

“A coordenação da campanha organizou fazer as carreatas em todos os 37 diretórios do partido na cidade. Os deputados e candidatos a vereador estão cada um em um ponto da cidade”, completou.

Segundo o candidato, foram 1.500 carros nas carreatas petistas neste domingo.

Houve aglomeração também no início da campanha de Joice Hasselmann, do PSL. Ela reuniu cerca de 1.500 apoiadores que um local de evento em São Paulo.

A maioria dos convidados usava máscara, mas estavam sentados lado a lado. Já os líderes da campanha se abraçaram em seguidas fotos sem máscaras com a candidata, essa também sem a proteção.

Já Marcio França, do PSB, escolheu um bairro nobre de São Paulo para começar a caminhada em direção à Prefeitura. Ele se juntou a apoiadores que colavam adesivos nos carros, na praça Charles Miller, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo.

Arthur do Val, influenciador digital conhecido como Mamãe Falei, do Patriota, também foi ao Pacaembu distribuir material de campanha. França já tinha ido embora quando ele chegou.

O prefeito Bruno Covas, do PSDB, candidato à reeleição, quis que sua primeira imagem como candidato fosse dentro de uma igreja. Logo de manhã, ele foi com seu candidato a vice, o vereador Ricardo Nunes, do MDB, participar da missa na Paróquia Nossa Senhora de Imaculada Conceição, na zona sul.

Este ato, segundo o partido, não fez parte da inauguração da campanha. Ainda assim, a agenda foi divulgada à imprensa com evidente enfoque político. O lançamento oficial da candidatura aconteceu no Diretório Municipal do PSDB, no centro histórico de São Paulo, com uma transmissão pela internet do discurso do candidato à reeleição.

Bruno Covas, candidato à reeleição, em missa na Paróquia Nossa Senhora de Imaculada Conceição, na zona sul
Bruno Covas, candidato à reeleição, em missa na Paróquia Nossa Senhora de Imaculada Conceição, na zona sul - Rubens Cavallari/Folhapress

No dia anterior, Celso Russomanno, dos Republicano, também havia feito um ato político, sem dizer que era um ato de campanha. Visitou o presidente Jair Bolsonaro no Hospital Israelita Albert Einstein. Bolsonaro se recuperava da de uma cirurgia de retirada de um cálculo na bexiga.

O deputado federal Celso Russomanno lidera a primeira pesquisa do Datafolha para a eleição com 29% das intenções de voto. Atrás dele vem o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), com 20%, quase o mesmo índice daqueles que dizem que vão votar em branco ou nulo (17%).

Em terceiro lugar empatam Guilherme Boulos (PSOL, 9%) e o ex-governador paulista Márcio França (PSB, 8%). Não sabem responder 4%.

Neste domingo (27), o primeiro dia do período de campanha definido pela Justiça Eleitoral, Russomanno não divulgou agendas públicas, seguindo a estratégia de reclusão. Os demais candidatos anunciaram participação em carreatas, adesivaço, live, missa e panfletagem.

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