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De olho em Doria, Bolsonaro negocia intervenção no PSL para reforçar Russomanno

Planalto pede a Bivar retirada de candidatura de Joice, mas tuíte de Eduardo complica acordo

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São Paulo

O Palácio do Planalto negocia com o presidente do PSL, Luciano Bivar, uma intervenção no diretório municipal do partido em São Paulo para retirar a candidatura da deputada Joice Hasselmann à prefeitura.

O objetivo é reforçar a candidatura anunciada pelo também deputado Celso Russomanno (Republicanos) e, em caso de vitória, ter um pé na administração da maior cidade do Brasil —o presidente Jair Bolsonaro negocia voltar ao PSL, partido pelo qual se elegeu e do qual saiu em 2019.

Eduardo com Bivar durante a posse do filho do presidente no PSL-SP, antes do racha
Eduardo com Bivar durante a posse do filho do presidente no PSL-SP, antes do racha - Eduardo Anizelli - 10.jun.2019/Folhapress

A negociação estava bem avançada até a tarde desta segunda, quando uma postagem feita no fim da manhã no Twitter do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, paralisou as tratativas.

No texto, Eduardo criticava o deputado federal Antônio Nicoletti, que vai disputar a Prefeitura de Boa Vista (RR) pelo PSL, por querer associar seu nome ao do presidente.

"Essa conduta não condiz com o que queremos para o Brasil", afirmou o filho presidencial, reafirmando que seu pai não irá apoiar candidatos, conforme escreveu em redes sociais em agosto.

Ocorre que não é bem assim. Além de alianças da família em cidades do Rio, a começar pela capital fluminense e seu prefeito Marcelo Crivella, Bolsonaro agora tem um candidato para chamar de seu em São Paulo.

O motivo é o governador João Doria (PSDB), que construiu uma aliança entre seu partido, o MDB e o DEM, além de outros sete, em torno da candidatura à reeleição do tucano Bruno Covas.

A costura é ampla, envolvendo o apoio da trinca à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara. Por ora, o MDB ficou também com a vaga de vice de Covas, na figura do vereador Ricardo Nunes.

Se o arranjo vingar, o objetivo final é a formação do que Covas chamou de frente pela democracia, ou seja, uma aliança contra Bolsonaro. Doria afirmou trabalhar para que isso se configure numa candidatura em 2022, sem naturalmente dizer o óbvio, que é seu o nome que ele espera ver na urna eletrônica.

Maia, que publicamente nega tal concertação, teria papel central na eventual empreitada presidencial —há que o especule para vice, mas é cedo para isso.

Um auxiliar do presidente afirmou que o movimento alertou Bolsonaro, que vinha tentando evitar vinculações muito óbvias com candidaturas para não se desgastar com derrotas.

Para o PSL, o negócio seria vantajoso. O partido já conversa com o presidente sobre sua eventual volta à agremiação. De quebra, um eventual sucesso de Russomanno colocaria a sigla no governo da terceira maior economia do país, após a União e o estado de São Paulo.

O passo em falso virtual de Eduardo carrega uma ironia, dado que ele poderá manter Joice no páreo. Ambos se odeiam, e o filho presidencial sempre esteve em choque direto com a deputada desde que ela foi líder do governo de seu pai no Congresso.

Com o rompimento de Bolsonaro com o PSL, Joice foi trocada pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO), em outubro passado. Mesmo o tuíte desta segunda a citava, lembrando que Nicoletti a apoiou durante o racha do partido —o mesmo texto que pode abortar a operação que cassaria sua candidatura.

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