Em live, prefeito de Jaboticabal fala em reportagem de cunho politiqueiro e ameaça processar a Folha

José Carlos Hori desistiu de concorrer à reeleição após condenação que poderia enquadrá-lo na Lei da Ficha Limpa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O prefeito de Jaboticabal, José Carlos Hori (Cidadania), 58, reagiu nesta quinta-feira (17) à reportagem da Folha que o tratou como ficha-suja. Hori prometeu ir à Justiça contra o jornal, segundo ele 'leviano' e 'politiqueiro' na forma em que abordou o cenário eleitoral do município no interior de São Paulo.

A reportagem apresentou um a um os candidatos a prefeito na eleição de novembro e informou que Hori, condenado administrativamente por uma obra ainda no primeiro de seus três mandatos, desistiu de concorrer à reeleição. Ele poderia ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa caso registrasse a candidatura.

As declarações do prefeito foram dadas em meio a uma live em suas redes sociais na qual o tema principal era o combate à pandemia do novo coronavírus.

"Eles [da Folha] foram levianos na colocação disso aqui. Matéria extremamente tendenciosa, maldosa e de cunho único e exclusivo politiqueiro. Nós vamos perguntar na Justiça o porquê disso", disse o prefeito, que completou. "De jeito nenhum [sou ficha suja]. Eu perco os direitos políticos, é isso".

homem sentado em sofá com as mãos no joelho
O prefeito de Jaboticabal, José Carlos Hori (Cidadania), em seu gabinete - Eduardo Anizelli/Folhapress

Segundo o prefeito, está "muito claro" que o jornal está a serviço de políticos, mas sem dar detalhes.

"O que é mais curioso é um jornal dessa envergadura escrever ficha-suja. Me perdoem, vocês [jornal] se sujaram. Não se faz isso. Isso não é jornalismo. Isso não é retidão. Isso não é a verdade com a população. Então eu fico muito triste quando, em momentos eleitorais, está nítido o que o jornal está propenso a fazer."

Em entrevista à Folha há duas semanas, Hori disse que desistiu da disputa ao ter entendido o recado das urnas na última eleição, quando conquistou a cadeira com apenas 276 votos de vantagem em relação a Emerson Camargo (Patriota), que está novamente na disputa.

Membros do governo Hori, porém, dizem que a quase certeza de que seria barrado pela Lei da Ficha Limpa influenciou em sua decisão de não tentar disputar novo mandato.

Ele foi condenado à perda dos direitos políticos por três anos devido a uma contratação irregular, ainda em seu primeiro mandato, de uma obra de asfaltamento de uma vicinal com dispensa de licitação. Hori, porém, disse que chama a decisão de não disputar de "pé no chão".

"De ver o povo começando a ficar cansado de um cara há 20 anos na política. O respeito na rua é grande, mas há quase uma saturação. Muitos me acham bonzinho, mas já fui bom, já fui melhor [risos]. Esse é meu termômetro pessoal."

"Posso ser [candidato], mas dependendo, quando a condenação sair aqui, posso perder o direito. Como fui condenado antes da eleição tenho certeza que a Justiça não deixaria ficar. Mas não vou disputar mesmo por cansaço.”

Conhecida como Athenas Paulista, mas também já chamada de Cidade das Rosas e de Cidade da Música, Jaboticabal terá cobertura completa da Folha durante as eleições municipais deste ano.

Prefeito ficha-suja, uma campanha que promete ser parelha, problemas estruturais como falta de transporte coletivo e falta d'água, e a atuação restrita da imprensa profissional são alguns dos ingredientes que tornam interessante a cobertura jornalística nessa cidade de 77 mil habitantes, vizinha a Ribeirão Preto, a 342 km de São Paulo.

A disputa reunirá ex-integrantes do governo Hori, um candidato que tenta pela terceira vez chegar ao cargo, um postulante do PT (que governou a cidade em 3 de 4 mandatos possíveis entre o fim dos anos 1980 e o começo dos anos 2000) e até um integrante da família Bolsonaro.

Os candidatos, e a própria dinâmica local, serão acompanhados diariamente pelo jornal, assim como ocorre nas eleições em grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro.

Jaboticabal, ao contrário do que já ocorre em outras localidades menores, não tem uma TV (comunitária ou educativa) para a transmissão do horário eleitoral gratuito, o que faz com que a campanha seja diferente das disputas dos grandes centros.

Além dos ingredientes políticos colocados na disputa deste ano, Jaboticabal foi escolhida pela Folha por ser uma cidade com forte peso educacional, com quatro universidades ou centros universitários, e também se destacar economicamente na agricultura e nas indústrias de alimentação e cerâmica.

Terceira maior cidade da região administrativa de Ribeirão Preto, Jaboticabal teve forte imigração de italianos, espanhóis, japoneses e portugueses nas primeiras décadas do século passado. Eles desenvolveram a agricultura e transformaram a cidade em um polo regional de indústria, comércio, bancos e prestadores de serviço.

Nessa onda de desenvolvimento, surgiram indústrias alimentícias e cerâmicas, e a cidade passou a ser conhecida como Athenas Paulista, devido à sua influência educacional e cultural.

Jaboticabal brasileira

  • Fale com a Folha

    Você tem dicas de pautas, denúncias ou sugestões sobre Jaboticabal? Mande para o WhatsApp da Folha:​ (11) 99486-0293

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.